domingo, fevereiro 26, 2006


Frase para ti: “Deixa que caia, deixa-a cair, deixa que caia nas tuas, deixa-a cair nas tuas mãos”.

LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

"Às vezes me volta esse pensamento: ando perdido no mundo, na imensidão de uma profunda madrugada: minhas estórias onde procuro morrer fosse um louva-deus nos actos carnais do amor: atrevimento de morte, estória e tristeza no acabar de contar. Te pus, te ponho: os olhos brilham mais é na escuridão; pirilampo espera noite pra ser alguém; peixe seco é dentro d´água, fora dela é que ele transpira de morte; etecetera, muadiê, pra te dizer: de noite é que perco vergonha de ser eu mesmo e abro as torneiras do imaginado: meu coração de ser assim, contador. Pouca inventice, transformo só o material pra lhe dar forma, utilidade. O artista molha as mãos pra trabalhar o destino do barro? Eu molho o coração no álcool pra fazer castelo das areias em cima das estórias…, e o mô espelho são as madrugadas.
Uma noite, quantas madrugadas tem? Andas a contar? Eu não”.

Ondjaki, quantas madrugadas tem a noite

POEMAS DA MINHA VIDINHA

Nenhuma coisa procura
na palavra o seu nome
mas a nossa voz por vezes
é a voz do seu silêncio

António Ramos Rosa, a intacta ferida



sexta-feira, fevereiro 24, 2006


Frase: “Rasga, irrompe, arranca o coração da noite!”

POEMAS DA MINHA VIDINHA

Teus olhos cintilam.
Teus olhos emitem mensagens
de cor violeta. Há neles
um indistinto rumor
como de estrelas. Há neles
um ritmo à sintonia
dos meus pulsos, um som
que a palavra não diz.
Um som como de água
ao longe: inalcançável.


Rui Knopfli, mangas verdes com sal

POEMA MEDÍOCRE 6

Noite perdida a rascunhar
versos e a
incendiar as inúteis folhas
vazias de letras na
ignorância de não
te saber desenhar.

Lá fora a dança
dos mosquitos em volta do
candeeiro
como panteras bêbedas cor-de-rosa
ao som dos trombones no
compasso dos batuques
esperam
o solo do violino
por falta de um Bryan Ferry
ensaiando
a ausência but don´t stop
the dance
anymore…

Não obstante a mudez
gritada
dos cães ao microfone,
o bater de janelas da dona
do quarto andar,
o ressonar sonâmbulo
dos pneus que
derrapam junto à linha
de crédito,
todos os silêncios são teus.

Noite perdida em pedidos
do poeta às voltas da
incapacidade
do poema mas…

…as luzes não reflectem…

…o voo do pássaro esguio
liberto em fumo
acordado em sangue
fugindo
da gaiola triste
por não adormecer
nos teus dedos.

São sombras, dizes tu, não interessam as asas.
Não interessam as asas, dizes tu, são sombras.
Pois…
Deixa que sejam sombras…

Pois se é nos teus lábios que
elas
dormem também
a mim
não me interessam
as asas.

RMM

quinta-feira, fevereiro 23, 2006




Frase a quente ou a frio no brilhar da lâmina:”Acelera, choca comigo, acelera, choca contra mim”.

LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

“Sou obrigado a responder: em parte alguma. Se desejo viver livre, é por enquanto necessário que o faça no interior destes moldes. Sei que o mundo é mais forte do que eu. E para resistir ao seu poder só me tenho a mim. O que já não é pouco. Se o número não me esmagar, sou, também eu, um poder. E enquanto me for possível empurrar as palavras contra a força do mundo, esse poder será tremendo, pois quem constrói prisões expressa-se sempre pior do que quem se bate pela liberdade. E no dia em que só o silêncio me restar como defesa, então será ilimitado, pois gume algum pode fender o silêncio vivo”.

Stig Dagerman, a nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer


POEMAS DA MINHA VIDINHA

Vou
Calando meu olhar sobre teus lábios

Procuro iluminar meu ser no escuro do teu ser
Imprimo meus lábios nos teus
Faço-os meus

Selado neste momento
De duplicidade complexa
Sinto sepultar os meus

Abandono o mórbido altar
Fujo de mim
Porque é a ti que procuro

Entre mim e a minha sombra quantos eus?

Luís F. Simões, pode ser que vos caia uma chupeta do céu

segunda-feira, fevereiro 20, 2006





Frase:”Agora que te venci… derrota-me outra vez”.

LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

“Seria extremamente presunçoso desejar dar uma última palavra. Mas creio que fizemos um itinerário em que os termos se metabolizaram uns nos outros – a morte, o fatal, o feminino, a simulação – segundo uma espécie de espiral. Não avançámos um passo para nos aproximarmos de uma finalidade eventual. Percorremos simplesmente um certo número de paradigmas que tivessem fim apenas no momento das suas metamorfoses. Porque, se os conceitos permanecem, eles conhecem uma bela morte, se assim posso dizer, ao passarem de uma forma para outra – que ainda é a melhor maneira de pensar. Portanto, não há fim, não há conclusão. Para mim, um pensamento é radical na medida em que não pretende fazer a sua prova ou confirmar-se por uma qualquer realidade”.

Jean Braudillard, palavras de ordem

POEMAS DA MINHA VIDINHA

A UMA RAZÃO

Um toque do teu dedo no tambor dispara todos os sons e começa a nova harmonia.
Um passo teu é a sublevação dos novos homens e da sua arrancada.
Viras a cabeça: o novo amor! Voltas a cabeça, – o novo amor!
«Troca os nossos lotes, livra-nos das pragas, a começar pela praga do tempo», cantam-te estas crianças. «Ergue não importa onde a substância dos nossos destinos e do nosso arbítrio», imploram-te.
Chegada a todas as horas partida para todos os lados.

Jean-Arthur Rimbaud, iluminações

sexta-feira, fevereiro 17, 2006







Volta
E

Agora
Outra Vez
O que
Ainda
Não
Foste








Frase ao estilo judiciário: “Tirem as mãos dos teclados!!”

POEMA MEDÍOCRE 5

Poema de café sem açúcar
em sala cheia.
Esperas que os espaços completos
se incompletem.
A carne deseja a sua dor.
Tal como o espelho deseja
a dor da sua vaidade.

A mão que sabe desenhar as letras
não traz no traço o teu rosto
sanguíneo.

Música alta.
Rostos conhecidos no anonimato
de fim de tarde nas letras
do katibun
que espera a queda
da kamarun.

A dúvida se é de matar ou de morte
que o teu sangue se alimenta.

RMM

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Frase sobre a superfície lisa: “Quere-la riscar ou queres arriscar?”

Eu sou o espelho/ohlepse o sè uT
LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

O dia-a-dia pertence ao erro e ao fracasso. A sucessão do tempo pertence ao êxito e ao conseguir.

Goethe

POEMAS DA MINHA VIDINHA

TU DISSESTE

Tu disseste “quero saborear o infinito”
Eu disse “a frescura das maçãs matinais revela-nos segredos insondáveis”
Tu disseste “sentir a aragem que balança os dependurados”
Eu disse “é o medo que nos vem acariciar”
Tu disseste “eu também já tive medo, do arrepio que nos suspende a fala”
Tu disseste “um dia fiquei sem nada. um mundo inteiro por descobrir”
Eu disse “…”

Eu disse “o que é que isso interessa?”
Tu disseste “… nada”

Tu disseste “agora procuro o desígnio da vida. às vezes penso encontrá-lo num bater de asas, num murmúrio trazido pelo vento, no piscar de um néon. escrevo páginas e páginas a tentar formalizá-lo. depois queimo tudo e prossigo a minha busca”
Eu disse “eu não faço nada. fico horas a olhar para uma mancha na parede”
Tu disseste “ e nunca sentiste a mancha a alastrar, as suas formas num palpitar quase imperceptível?”
Eu disse “não. a mancha continua no mesmo sítio, eu continuo a olhar para ela e não se passa nada”
Tu disseste “e no entanto a mancha alastra e toma conta de ti. liberta-te do corpo. tu é que não vês”
Eu disse “o que é que isso interessa?”
Tu disseste “… nada”

Eu disse “o que é que isso interessa?”
Tu disseste “…nada”

Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) /primavera de destroços

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Brahma satyam, jagan mithyâ.
(Deus é realidade, o mundo é aparência).
Frase não me importam as luzes…:”… se nas sombras eu distingo a tua…”

LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

XXXVIII

Sonho sobre a terra. Sonho debaixo da terra. Sobre a terra e por baixo da terra, corpos que jazem. Para onde quer que vá, o nada. Deserto de nada. Seres que chegam, seres que se vão.

LXX

Já sou velho. E a paixão que me inspiraste leva-me à morte, por isso não deixo de encher de vinho o meu cálice. A minha paixão por ti anulou o discernimento da minha razão. E o Tempo deixou murchar sem piedade a rosa fresca que brilhava…

LXXI

Podes torturar-me, imagem de uma nova felicidade! Podeis modular os vossos arrulhos, vozes do amor! Contemplo a minha amada e só escuto a sua voz acariciante. “Deus perdoar-te-á”, diz-me ela. Mas eu não aceito esse perdão nem tão pouco o implorarei.

Omar Khayyam, rubaiyat

POEMA MEDÍOCRE 4

Levei-te de volta ao jardim
e disseste: “voltas sempre ao passado”.
Abanando a cabeça,
como se roda não rodasse para outro lugar que não esse.

Levei-te de volta ao jardim
e disseste: “voltas sempre ao passado”.
Mas não te lembraste…
que nesse mesmo jardim…
esse mesmo passado…

Eu o passara contigo.


RMM

domingo, fevereiro 12, 2006

Frase do Eu: “Sou a própria máscara a vestir um rosto de carne”.

LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

O ESCARAVELHO

A morte implica a mudança e a individualidade; se tu és AQUILO que não é uma pessoa, que está para lá da mudança, e mesmo para lá da ausência de mudança, que tens a ver com a morte?
O nascimento da individualidade é o êxtase; tal como a sua morte.
No amor, a individualidade é destruída; quem não ama o amor?
Por conseguinte, ama a morte, e deseja-a ardentemente.
Morre em cada dia.

Aleister Crowley

POEMA MEDÍOCRE 3

Anda!

Mostra-me o mar…
que eu mostro-te a floresta.

Pois se no coração dos peixes
ou no coração dos pássaros…
O bater bate por ti.
Bate por ti.
Bate por ti.
Bate por ti.
RMM

quarta-feira, fevereiro 08, 2006



Frase agora que é o presente que na vida nos falta: “Tu dizes que tens saudades do que vais viver; eu digo que tenho saudades dos tempos em que te via viva”.

CONSELHO: Acaba com a dúvida eliminando a certeza.

POEMA MEDÍOCRE 2

Para ti só
o poema.
Só.
O Poema.
Para ti.

Por ti só
o poema.
Só.
O Poema.
Por ti.

Em ti só
o Poema.
Só.
O Poema.
Em ti.
(dedicado a - tu sabes)
RMM
LETRAS RETALHADAS

Matei-o primeiro em sonhos; depois não me consegui impedir de o fazer na realidade. Era inevitável.

Matei-o porque tinha a certeza que ninguém estava a ver.

Rachei-a de alto a baixo, como um animal, porque ela contava as moscas no tecto enquanto fazíamos amor.

Para dizer a verdade, pensava que nunca o descobririam. Sim, era o meu melhor amigo, sem dúvida, e eu também era o seu melhor amigo. Mas ultimamente já não conseguia suportá-lo: adivinhava tudo o que eu podia pensar. Impossível escapar-lhe. Por vezes chegava mesmo a dizer-me tudo o que era obrigado a fazer para penetrar desse modo nos meus pensamentos. Eu vivia nu. Previ tudo, mas provavelmente deixei o corpo demasiado perto da estrada.

Introduzira-me um cubo de gelo nas costas. O mínimo que eu podia fazer era arrefecê-lo também.

Um dia os homens descobrirão que o sono só veio mais tarde. Deus não dorme, Adão não dormia. Os infusórios não dormem, nem o diplodocos. O elefante só dorme duas horas por dia e o cão tanto quanto pode. Não me alongarei sobre isto. O homem dorme para esquecer os seus pecados e cada vez mais, à medida que vai conquistando a noite. Os mortos, não dormem. Eu também não. É preciso matar quem dorme.

O meu papá disse-me que nunca me abandonaria… Não o pôde fazer.

Pedi-lhe o Excelsior e trouxe-me o Popular. Pedi-lhe Delicados e trouxe-me Chesterfields. Pedi-lhe uma cerveja branca trouxe-me uma preta.
A cerveja e o sangue, misturados pelo desprezo, não ligam bem.

Max Aub, crimes exemplares

segunda-feira, fevereiro 06, 2006


Frase neste momento: “Que peso pode ter a voz da razão numa emoção silenciada?”.

Apesar de ter sido o dia que foi…

Não sei quem é o autor desta história, não sei sequer se foi escrita, mas contaram-me como sendo real. Foi numa sessão de contos da associação Camaleão, numa das últimas do Ateneu, que eu a ouvi pela incrível voz e presença do Serafim.

Passa-se nos anos setenta, na América do Sul, numa das múltiplas ditaduras militares de direita que sobreviviam graças à ajuda norte-americana no seu combate à proliferação do comunismo, do socialismo e da esquerda num mundo em guerra fria. Num certo sentido poderíamos fazer a analogia com a “nossa” ditadura salazarista, como se isso fosse relevante para a história. De facto não é. Mas de facto poderia ter sido em Portugal se é que, num certo sentido, não foi. Poderia até ter sido numa ditadura de esquerda que o significado seria o mesmo. Poderia até ser nos dias de hoje (completamente ditatoriais) que o significado ir-se-ia manter inalterável. Adiante.
Um escritor preso pela polícia política de um determinado Estado recebia com frequência a visita da sua filha aos fins-de-semana. Era uma miúda que não teria mais de 9 anos e que sempre que se deslocava à prisão para visitar o seu pai, preso por algo que ela não entendia, – já que o pai não era “mau” – lhe levava sempre um dos seus desenhos. Eram sempre desenhos simples, enfeitados de várias cores, pejados de animais, pejados de árvores, pejados de frutos. No entanto, sendo o controle sistemático e a prevenção à subversão ideológica os maiores sustentáculos de todas as ditaduras (democráticas incluídas) todos os desenhos que a miúda levava ao seu pai eram alvo de uma triagem censória/inquisitória para se averiguar de que os desenhos não seriam subversivos ou estariam pejados de mensagens subliminares.
Sendo assim, era sempre com espanto que a nossa jovem reparava que muitos dos seus desenhos eram confiscados pelo departamento de controlo do estabelecimento prisional. Certamente a miúda nunca se havia debruçado com particular atenção na linguagem dos símbolos e tudo aquilo que cada um neles quer ver.
Por isso, era sempre com espanto que via os seus desenhos com pássaros voarem para as mãos dos guardas e aí ficarem. Era sempre com espanto que via as suas
pombas brancas amarelecerem nas mãos dos mesmos guardas. Foi também com espanto que viu a mulher grávida que ela vira na rua, que lhe dera tanto trabalho a desenhar, ficar embalada no berço de dedos retorcidos dos homens que se dedicavam a esse tão nobre ofício de cortar, de censurar, de não ter de explicar nada.
Todas estas coisas deixavam, como seria óbvio, a miúda em lágrimas. Ela queria que o pai visse os seus desenhos. Não obstante a prisão e a liberdade… os pássaros são apenas pássaros. Não obstante a paz e a guerra… as pombas brancas são apenas pombas brancas. Não obstante a morte e a esperança que vive nos dias de amanhã… uma mulher grávida é apenas uma mulher grávida. Não obstante as certezas incertas de quem cria… os desenhos são apenas desenhos de uma filha para o seu pai.
Até que…
… um dia a menina chegou à prisão com um desenho. Mal entrou no pátio, murado de homens com metralhadoras como num exército de sombras, um braço forte a ergueu pelo ombro enquanto lhe perguntava: o que levas aí?
- Um desenho para o meu pai… – balbuciou a medo a menina.
- Dá-mo. – fez-se ouvir a voz seca do guarda prisional.
Sim, era mesmo um desenho. Disso o guarda não tinha dúvidas. No desenho não existia nenhuma mulher grávida, nenhuma pomba branca, não voava nenhum pássaro. Era apenas uma árvore. Uma árvore com frutos. É verdade que aqueles eram os frutos mais estranhos que o guarda vira na vida. No entanto atribuiu tal facto à imaginação fértil da menina que ainda não sabia que determinados frutos, com essa forma tão estranha, nunca poderiam existir neste mundo. “Bem, vai lá”, balbuciou o guarda. E a menina foi. A correr. Ter com o seu pai.
Mal entrou na cela, depois de se terem abraçado, de se terem beijado, depois de o pai ficar feliz por tudo estar a correr bem na escola, a menina deu-lhe o desenho que tanto tempo lhe demorara a criar. O pai sorriu.
- Que lindo, filha… Mas que frutos são estes na árvore? Não consigo saber o que são. – perguntou o pai algo perplexo.
Ela olhou-o nos olhos…
- Mas pai… isso não são frutos! São os olhos dos pássaros! Vieram ver-te! Vieram ver-te a ti.

Vieram te ver.
A ti.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Frase ausente: “Quem te diz que não era a dúvida que fundamentava a certeza?”.

.sedadinutropo sadnuges àh oãn àj ariecret á euq sebas ut sam, ogitnoc idulised em ,odnuf on ,euq ue iuf es uo etsidulised em ,odnuf on ,es ies oãN


POEMAS DA MINHA VIDINHA

CARTAS DA VÉSPERA

A madrugada vinha
encontrar-me a escrever
as cartas da véspera.
Era a neblina, o orvalho
e a friagem,
o olhar opaco e o palato
salobro. De madeira, as mãos.
Labor de febre
o de passar a alma ao papel.
De mim sobrava
um corpo vegetal inteiriço
e dormente, boiando
na líquida superfície da manhã.
Ardia a chama em estranhos
rios de palavras. Assim,
aos poucos, se me foi a alma
toda em sobrescritos. Invólucro
vazio, o corpo, dei-o ao demo.

Rui Knopfli, o passo trocado

quarta-feira, fevereiro 01, 2006



Frase: “Desequilibra a razão emocionalmente equilibrada”.

Tal como no poema do Whitman eu e a minha amiga aos 30 anos de idade vibrantes de vida mas sem esperança nos cafés em copos de cinismo eu e a minha amiga aos 30 anos de idade vibrando cegos e sem esperança aos 30 anos de idade agora que todas as canções são batidas e o engate e o flirt não são mais do que uma noite sozinha ao cair da manhã eu e a minha amiga aos 30 anos de idade como no poema do Whitman conduzindo o carro até ao final do depósito incendiando a noite até ao apagar do fósforo vibrantes de vida cínicos e sem esperança sem projectos de futuro aos 30 anos de idade conduzindo pela periferia sem amor nas mãos apenas por cinismo derramando as lágrimas de crocodilo nas almofadas vazias ao cair da manhã conduzidas até ao final do depósito vibrantes até ao apagar do fósforo sem amor e sem esperança e sem acreditar que existe esperança e amor quando hoje são apenas conceitos não demonstráveis matemáticos em hipóteses nulas vibrantes de vida eu e a minha amiga aos 30 anos de idade observando os que se casam invejando os que se enlaçam mas não admitindo nada indo de encontro a tudo cínicos e sem esperança aos 30 anos de idade eu penso em mudar de emprego ela pensa no final da manhã num tempo recente o esquecido amor pediu que a engravidasse ainda num tempo recente cerrei os olhos sem esperança mas logo os abri atentos ao final da manhã vibrantes tal como no poema do Whitman eu e a minha amiga aos 30 anos de idade conduzindo até ao cair da manhã cínicos e sem esperança incendiando a noite até ao apagar do fósforo.
RMM
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