sexta-feira, abril 28, 2006

Frase do amor cego: “Só tenho dedos para ti”.



LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

A FORÇA E SEUS AUXILIARES


I
Toda a força requer um impulso; necessita de uma acção e apoia-se sobre uma resistência.

II
Toda a força domina a inércia, toda a inércia suporta a força.

III
Toda a acção repetida determina uma força, e a força contínua, por mais ínfima que seja, triunfa sobre toda a inércia.

IV
Os actos mais indiferentes em aparência, dirigidos por uma intenção e repetidos com persistência fazem triunfar esta intenção. É por isso que todas as grandes religiões têm multiplicado as suas práticas e atribuem grande importância a estas práticas. Um machado atirado por Hércules não furaria a massa de uma rocha, mas uma gota de água que cai no mesmo lugar, hora após hora, acaba por escavar uma abóbada imensa de pedra.

(…)

VII
Toda a força necessita de uma debilidade; exerce-se sobre uma debilidade e triunfa por uma debilidade.

(…)

X
Eu que escrevo estas linhas, sacrifico-me há quarenta anos em trabalhos ingratos porque creio na sua utilidade, como se tudo o que penso e tudo o que escrevo não tivesse sido pensado e escrito inutilmente por outros.

(…)

XII
A maior sabedoria do homem é escolher bem a sua loucura.

(…)

Eliphas Levi, o livro dos sábios

terça-feira, abril 25, 2006




Frase: “Desculpa, mas já não acredito”.

POEMAS DA MINHA VIDINHA

E depois do adeus


Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós


José Niza/José Calvário/Paulo de Carvalho

segunda-feira, abril 24, 2006

Stand Up Tragedy


Frase do quase: "Estou pronto".
DIÁLOGO ABSURDO-IDIOTA 1

Fonte: MSN/Messenger

- Como é que isso vai?
- Olha… psicologicamente não ando muito bem. Fisicamente também nem por isso.

Mas de resto estou óptimo!

sexta-feira, abril 21, 2006


Frase sobre uma frase dedicada: “Se o futuro é hoje… encontramo-nos amanhã no ontem”.



POEMA MEDÍOCRE 13

No descampado as folhas secas.
Na floresta as folhas mortas.
Pássaros de encontro ao céu
em gritos.

Lata de gasolina na mão.
Murmúrio seco, imperfeito o traço.
Pássaros de encontro ao céu
em sangue.

Fausto encenando a morte.
Amor de passagens rápidas. Rios.
Pássaros de encontro ao céu
em gritos.

Amor de passagens rápidas. Rios.
Não morrendo por crescer ainda. O fruto.
Pássaros de encontro ao céu
em sangue.

Fausto encenando a morte.
Não morrendo por nascer ainda. O traço.
Do teu rosto.

Pássaros de encontro ao céu
em gritos.

RMM

(dedicado a ti, porque hoje tens as minhas lágrimas)

segunda-feira, abril 17, 2006


Frase humana/divina: “Iguala o teu PC – reinicia-te!”


POEMA MEDÍOCRE 12

Há uns quantos de dias
apenas
falei pela primeira vez sobre o vício, a doença,
o desvio do traço do meu demónio privado

na esplanada, esfregando os olhos ao calor como
uma outra coisa qualquer que
ali estivesse mas não

estava.

Acredita: não sou o teu sol, mas falo do meu coração.

Agora.

Que o peso da tua ausência se torna indiferenciado e
já não
me verga os ombros.

Há uns quantos de dias apenas falei
pela primeira vez
sobre o desvio do sangue e a morte
dos versos que não existem e não há cura
que
a posologia dos medicamentos
não enquadre.


Foi só.
Há.
Uns.
Quantos de dias.

Apenas a mão aberta sobre os meus ombros,
os raios sobre os meus dedos.

Acredita: não sou o teu sol, mas falo do meu coração.

Foi só há uns quantos de dias apenas falei pela primeira vez sobre a doença o desvio os dias sem calendário de folhas «assinaladas e assassinadas» a negro e a vermelho e a vermelho e a negro acredita não sou o teu sol mas falo do meu coração acredita não sou o teu sol mas falo do meu coração acredita não sou o teu sol mas falo do meu coração «ele transformou a água em vinho» cantam no rádio «ele caminhou sobre as águas» gritam as vozes «ele transformou a água em vinho» cantam as vozes «ele caminhou sobre as águas» gritam do rádio espera-te a cruz e o deserto e a morte e o arrependimento acredita não sou o teu sol mas falo do meu coração não te levarei ao altar não erguerei a voz no púlpito não o levarei pela mão não o erguerei nos braços acredita não sou o teu sol mas falo do meu coração e a voz que se ouve diz que não
reneguei

o diabo.


RMM

sexta-feira, abril 14, 2006

Frase: “É a tua vez”.

POEMAS DA MINHA VIDINHA


QUANDO NO QUARTO BRANCO DA CHARITÉ

Quando no quarto branco da Charité
Acordei de manhã
E ouvi cantar o melro, entendi
Muitas coisas. Muito havia
Que a morte não temia por saber
Que nada mais me faltaria se
Eu próprio me faltava.
Nesse instante
Cheguei a alegrar-me até
Com o canto dos melros após a minha morte.

Bertolt Brecht, poemas

terça-feira, abril 11, 2006


Frase: “Secou a fonte de areia”.


POEMA MEDÍOCRE 11


O cavalinho de madeira ainda
baloiça sobre a estrada como se
a infância não fosse um dos
teus
fantasmas.

Acelerei naquela noite sem saber
se ir-me-ia matar nas tuas
mãos
abertas sobre o meu
corpo quente minutos depois do copo frio levado aos
lábios abertos, sujos do chop soy
de vaca louca ou de galinha
constipada de H5N1.

De certeza que o barco de papel não resistirá à incerteza dos
dias naufragados no calar da tua
distância
quando num carpir de
bêbedos os marinheiros choram
o afogar das suas sereias.

Foi o teu fantasma, abraçado ao teu colo,
amamentando a serpente no teu peito.

Foi o teu fantasma o brinquedo, o pente o céu azul…
Foi o teu fantasma o bibe, o guardanapo o estojo com a abelha Maia…
Foi o teu fantasma o Rato Mickey e o Pateta, o Demolidor e o Homem de Ferro…
Foi o teu fantasma a viola partida de cinco cordas, a Clarabela e o céu azul…
Foi o teu fantasma aquela que amaste numa noite no teu carro pulsando o calar dos pulsos no calor da madrugada inquieta…
Foi o teu fantasma o «animal selvagem que no silêncio te procura»… (e o céu azul também)

Foi o teu fantasma…
(continua a sê-lo)

Foi o teu fantasma...


…embora hoje tu saibas
que não se domesticam os mortos.

RMM

quinta-feira, abril 06, 2006

Frase: “Enfrenta a ilusão, seja ela qual for”.


POEMA MEDÍOCRE 10


Falas do futuro negro
da falta e a da ausência
da queda do
equilibrista desequilibrado
sobre os cacos de vidro,
fosco,
o reflexo no espelho
partindo os traços
desesperados do teu
rosto.

A queda já foi.

Acredita.

Hoje, ontem… a queda já foi e
o futuro é este
sobre os cacos

apenas,
a carne rasgada das
virgens trágicas bebendo
o vinho amargo dos
homens dóceis.

Se para além do passado fores para além da vida: é preciso ir para além do futuro se quiseres ir para além da morte.


Sangue para mim são uvas.


RMM

terça-feira, abril 04, 2006

Frase dedicada: “Perdi a impaciência”.

LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

“Não temos tempo para ser amigos, quanto mais inimigos!”

Luís F. Simões, neo-normal

.iecrofse em oãn ,zev atsed ,euq rezid ossop oãn sonem oA !agehc àJ

segunda-feira, abril 03, 2006




Frase insana: “És a minha razão!”


LETRAS RETALHADAS


Goldberg – Cheiras a pecado.
McCann – Cheira que tresanda.
Goldberg – Reconhece a existência de uma força exterior?
Stanley – O quê?
Goldberg – Reconhece a existência de uma força exterior?
McCann – Essa é que é a questão.
GoldbergReconhece a existência de uma força exterior, responsável por si e sofrendo por sua causa?
Stanley
– Já é tarde para isso.
Goldberg – É tarde sim senhor. Quando rezou pela última vez?
McCann – Ele está a suar!
Goldberg – Quando é que rezou pela última vez?
McCann – Ele está a suar!
GoldbergO número 846 é possível ou necessário?
Stanley
– Nem uma coisa nem outra.
Goldberg – Errado! O número 846 é possível ou necessário?
Stanley – Ambas as coisas.
Goldberg – Errado! É necessário mas não é possível.
Stanley – É ambas as coisas.
Goldberg – Errado! Porque é que afirma que o número 846 é necessariamente possível?
Stanley – Tem de ser.
Goldberg – Errado. É apenas necessariamente necessário. Só admitimos a possibilidade depois de reconhecermos a necessidade. É possível por ser necessário, mas de maneira nenhuma necessário por ser possível. A possibilidade só pode ser assumida depois de provada a necessidade.


Harold Pinter, feliz aniversário (teatro 1)
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AINDA NÃO ME DEI AO TRABALHO DE ORDENAR ALFABETICAMENTE (AZAR!)