A estrada a sangrar a alma alcatroada de sangue.

Sabes. Mais ou menos como. Mais ou menos quando. Ir-te-ás embora restará. O gaffiti nas paredes, a cama, o campo, o cemitério, as flores.

Era a tarde. Três raparigas altas na encruzilhada, bem vestidas, a morta-luz não lhes escondia as formas. Tem lume?, pergunta a primeira. Tem lume, pergunta a outra. Procurei o isqueiro nos bolsos. Não se esqueça que é para três, diz a terceira. O isqueiro ainda escondido. Não me diga que não o encontra... Para três. Não se esqueça que é para três. Três raparigas na encruzilhada. Encontras o isqueiro. Acendes um a um. O fogo uma a uma. Bruxas.

Pelos cornos.

Segura o animal pelos cornos.

A ilógica das coincidências. Sabes como me incontactar. Sempre soube que não era o vazio. Agora. Escondes-te. No armário. Roupeiro para a quinta estação.

Ler os indícios... não são de hoje, são do início. Ler os indícios. LÊ OS INDÍCIOS.

A manhã traz o cansaço a noite traz o medo - bonecos de peluche têm esse dom.

Uma volta a pé para pensar na vida uma volta na vida para pensar a pé.

Frase: "Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!!!"

Outrora a incógnita de um nome, hoje um nome que paga e consome. Reciclado e de novo na velha faculdade reciclada de novo. Esperneias, torces o nariz, cruzas as pernas. Beliscas as vacas sagradas da cátedra do marxismo. Século XXI, a sociologia menor de menores saídas para um mal maior qualquer. Maior do que o quê? Maior do que o tempo. Proscrito. Ainda o anjo, nunca lá entrou.

Frase: "Sabes quem eu sol?"

Conseguimos reconhecer uma pessoa quando pertence ao nosso grupo. Conseguimos reconhecer uma pessoa quando pertence ao grupo dos outros. Mas não conseguimos reconhecer uma pessoa quando é um estranho.

Carlos Fortuna, seminário de apresentação aos mestrados em sociologia/FEUC/UC/2007