sábado, novembro 04, 2006


Frase: “Sabes o que isso (in)significa?”

VERDADES I DISCUTÍVEIS

Desculpa não te estar a escrever com a rapidez que gostaria mas tenho andado um bocado fraco e esgotado. (...)
Sinto-me tão esgotado de palavras como de razões. Há algo de realista e que bate certo no teu discurso: nós é que provocamos o mal ao mundo ao infligirmos esse mesmo mal a nós mesmos. Estou bem longe de procurar o melhor para mim ou fazer por isso. Como pequena consequência, ao negar esse bem, essa mudança para mim, para a minha vida, também é aos outros que o estou a negar. (...)
Por outro lado, o processo de vitimização constante talvez tenha transformado o carrasco na própria vítima, transformado a imagem desejada e pensada no ser pensante de carne e osso; todas as coisas carregam em si o seu oposto e, neste momento, já eu sinto que me perdi no raciocínio. A não ser que essa mesma racionalização que tu falaste, a que eu faço agora, também seja ela (mais do que o computador e todos os placebos de quem hesita em viver) o próprio machado manchado de sangue de quem, ao negar-se aos outros e a si mesmo, apenas pode sangrar as gotas vermelhas da anti vida mas... mesmo assim, sei que algo ainda não bate certo no discurso.
Aos verbos mal conjugados e falhados apenas correspondem tempos verbais, humanos, sociais e outros que tais, vividos, nascidos e assassinados em pretéritos imperfeitos vagos e indefinidos.
Sinto que cada uma das letras se suicida nas teclas que se tornam gastas e que não seguram um pensamento que foge. Dança lá fora na chuva. Nesta chuva em Coimbra, nesta chuva tão fora de tempo e tão seca. Já me falham os pormenores para me lembrar de histórias gastas e que já não correspondem à realidade(!?) de hoje. Não vale a pena.
Também eu estou pronto. Mas só num mundo, e num tempo, olhos nos olhos e sem retórica.
Ricardo

(e-mail à C., 3 de Junho de 2003)


LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

O homem superior é em todos os lados solitário.

Al-Mutanabbi

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AINDA NÃO ME DEI AO TRABALHO DE ORDENAR ALFABETICAMENTE (AZAR!)