quinta-feira, janeiro 04, 2007

O QUE DIZ O VENTO

Estás deitado na morgue,
passam por ti como se jamais tivesses
vertido uma lágrima ou esboçado um sorriso
ou sentido medo ou perdido um emprego
ou entrado em casa molhado pela chuva
com tinta preta nos dedos fechados
sobre o jornal.

Como se não passasses de vento
agitando as flores nos muros,
inclinando as árvores,
fazendo voar a roupa estendida na varanda,
o saco de plástico na calçada:
uma voz que não diz nada
mas fala de tudo em toda a parte.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

há quanto tempo...

sentiste falta das vozes?

vieste escutá-las?

muito bonito esse poema.

12:17 da tarde  
Blogger DarkViolet said...

Finalmente!
Já estava quase enforcado na saudade de poder escrever aqui:D
Um trovão passa sempre no meio da escuridão a abrir portas com as cortinas rasgadas...o vento ou os raios...a chuva ou o luar...Dormir ou estar acordado;)

12:40 da tarde  
Blogger Black Rider said...

As vozes sentiram saudades das vozes, Mystique Flowers. Sentiram saudades delas. Sentiram saudades das outras.

4:26 da tarde  
Blogger Black Rider said...

Pois é, DarkViolet, com todos os trovões e relâmpagos. No meio do sono e de olhos abertos.

4:29 da tarde  

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