POEMA MEDÍOCRE 34
Já deste para este peditório mas – hoje – é a tua
vez de pedinchares a sopa
dos pobres, de
pedra feita as estátuas, de fogo feitas
as fogueiras – bruxas de trazer por casa as vassouras
varrem a poeira. Da madeira, as brasas. Do ventre o
sangue do aborto. Do nada – de tudo há – dos berços – esqueletos
do amanhã – do futuro – amor e manhãs cinzentas.
Estás sozinho na feira. Levaram as tendas. O vento passa por ti como se passasse junto a um outro. Ou a um louco. Fumas outro cigarro. Loucos os teus olhos reparam na boneca no chão. É de plástico.
É inútil. Percorres as letras das canções mentindo,
cantarolando, dançando. Também tu és sólido, concreto, mas de
areia e areia as ampulhetas ferem. O tempo. De areia em areia os camelos. Carregam.
De
areia em
areia Moisés e as palavras de Deus são bezerros. Na areia
insanas são as palavras dos homens sãos. Também tu
preferiste Goethe a Nietzsche. Também tu
chutaste o corvo pela pomba branca. Também tu
alimentas os lobos sem saberes que, no fundo da sua
alma, são
cordeiros.
Também tu.
Ricardo M. Marques
Já deste para este peditório mas – hoje – é a tua
vez de pedinchares a sopa
dos pobres, de
pedra feita as estátuas, de fogo feitas
as fogueiras – bruxas de trazer por casa as vassouras
varrem a poeira. Da madeira, as brasas. Do ventre o
sangue do aborto. Do nada – de tudo há – dos berços – esqueletos
do amanhã – do futuro – amor e manhãs cinzentas.
Estás sozinho na feira. Levaram as tendas. O vento passa por ti como se passasse junto a um outro. Ou a um louco. Fumas outro cigarro. Loucos os teus olhos reparam na boneca no chão. É de plástico.
É inútil. Percorres as letras das canções mentindo,
cantarolando, dançando. Também tu és sólido, concreto, mas de
areia e areia as ampulhetas ferem. O tempo. De areia em areia os camelos. Carregam.
De
areia em
areia Moisés e as palavras de Deus são bezerros. Na areia
insanas são as palavras dos homens sãos. Também tu
preferiste Goethe a Nietzsche. Também tu
chutaste o corvo pela pomba branca. Também tu
alimentas os lobos sem saberes que, no fundo da sua
alma, são
cordeiros.
Também tu.
Ricardo M. Marques
Etiquetas: mediocridade, RicardoM.Marques
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