domingo, março 29, 2009

POEMA MEDÍOCRE 34

Já deste para este peditório mas – hoje – é a tua
vez de pedinchares a sopa
dos pobres, de
pedra feita as estátuas, de fogo feitas

as fogueiras – bruxas de trazer por casa as vassouras
varrem a poeira. Da madeira, as brasas. Do ventre o

sangue do aborto. Do nada – de tudo há – dos berços – esqueletos
do amanhã – do futuro – amor e manhãs cinzentas.

Estás sozinho na feira. Levaram as tendas. O vento passa por ti como se passasse junto a um outro. Ou a um louco. Fumas outro cigarro. Loucos os teus olhos reparam na boneca no chão. É de plástico.

É inútil. Percorres as letras das canções mentindo,
cantarolando, dançando. Também tu és sólido, concreto, mas de

areia e areia as ampulhetas ferem. O tempo. De areia em areia os camelos. Carregam.

De
areia em
areia Moisés e as palavras de Deus são bezerros. Na areia

insanas são as palavras dos homens sãos. Também tu

preferiste Goethe a Nietzsche. Também tu
chutaste o corvo pela pomba branca. Também tu

alimentas os lobos sem saberes que, no fundo da sua
alma, são

cordeiros.

Também tu.

Ricardo M. Marques

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