quinta-feira, outubro 27, 2005

Frase dedicada:”Se as lágrimas foram sempre tuas, a solidão sempre foi minha”.

Reserva um milímetro do teu coração e perdoa passeio pela mata escura de árvores queimadas ardeu o teu nome escrito à navalha na seiva mas não morreu a árvore na qual o escrevi há já muito tempo que não esperamos nada um do outro e o vento espalhou as cinzas de um verbo passado e sem volta se nunca houve sequer volta a dar nem eu quero nem tu queres se é tão somente o Mundo que já não quer nem nos quer reserva um milímetro do teu coração e perdoa não são para ti estas linhas mentirosas e falsas iguais a toda a mediocridade humana de musas desgarradas não são os poetas que mentem mas os homens que assim fazem reserva um milímetro do teu coração e perdoa tropeço em seringas serpentes rostos fugidios entre as árvores crateras sob as folhas abertas como chagas reserva um milímetro do teu coração e perdoa e lembra-te que as palavras mais básicas são as únicas que resistem ao tempo pois é tão somente o Outono a descer sobre onde outrora um outro Outono ardera.

RMM

12 Comments:

Blogger amok_she said...

...e quando já não há mais lugar para o perdão?

1:09 da manhã  
Blogger Black Rider said...

Significa que esse milímetro está a ser ocupado pelo remorso, pelo rancor, ou pela culpa. Perdoar não significa aceitar de volta nem voltar atrás.
1 beijo meu para ti!

2:48 da manhã  
Blogger amok_she said...

...o amor não é "ressuscitável"!, quando o matam não há volta a dar...

...outro para ti...

10:40 da tarde  
Blogger Black Rider said...

É verdade, o amor quando morre não volta... pelo menos na sua forma original. Às vezes voltam os fantasmas, nada mais do que isso. Mas quando se perdoa perdoa-se às pessoas- principalmente àquela que há em nós.

11:35 da tarde  
Blogger Fata Morgana said...

Neste texto há beleza pura. Feita de pureza completa, que junta a luz e o breu, a autenticidade.... o SER o que se é e SENTIR o que se sente.
Nos antípodas da beleza esterilizada (que, para mim, não é sequer beleza e nem pura).
:)

2:52 da manhã  
Blogger Black Rider said...

Obridado pelas palavras, Fatamorgana,"SER o que se é e SENTIR o que se sente" por mais dor que esteja enterrada em toda essa expressão. Mas mesmo assim gostava que, pelo menos uma vez, não sentisse que é da dor que essa mesma beleza emerge.

1 beijo para ti

2:11 da tarde  
Blogger amok_she said...

...nós e os nossos fantasmas!...há tanto tempo que parece só eles serem eternos...:-(

:-*

11:08 da tarde  
Blogger Black Rider said...

Se calhar a eternidade pode não estar naquilo que eles são para nós (fantasmas), mas naquilo que nós podemos ser para eles. Se calhar é por isso que nos continuam a assombrar.

3:45 da manhã  
Blogger amok_she said...

«mas naquilo que nós podemos ser para eles»

...pois, cada vez me convenço mais disso, mas...

...pq deixamos q isso aconteça? pq deixamos q continuem a cubrir-nos com o seu manto negro?

...ou ñ seremos, antes, nós os fantasmas?

10:58 da manhã  
Blogger Black Rider said...

Sim, é mesmo isso. Nós somos sempre os fantasmas. Principalmente porque nos continuamos a assombrar.

2:47 da tarde  
Blogger Fata Morgana said...

Black Rider, nem sempre o "SER o que se é e SENTIR o que se sente" implica que esteja envolvida a dor. Quando isso acontece sistematicamente, é porque apreciamos a dor, no fundo, e às vezes sem o admitir.
Por vezes fecha-se a porta à alegria e à felicidade, à luz, porque não está no nosso natural apreciá-las e ficamos com medo de ser felizes!
Eu tanto sou felicíssima como miseravelmente infeliz... Temo muito mais o morno, o conforto de um meio-termo. Abraço o resto.
Beijo para ti

12:39 da manhã  
Blogger Black Rider said...

Sim, Fatamorgana, muitas vezes existe esse lado masoquista em nós - se calhar é (também) nele que se encontra e se refugia muita da criação.
Essa visão de que a felicidade pode não ser "natural" em nós (seja pelo hábito, ou pelas circunstâncias) fez-me pensar um pouco... Provavelmente isso acontece muitas vezes. Ou por não nos sentirmos capazes, ou por não nos sentirmos "dignos", ou por termos apenas medo da felicidade. É claro que eu tenho e sempre tive um certo medo da felicidade. Por isso é que escolhi sempre o pior- muitas vezes por ser o mais fácil (embora o mais errado e difícil), é pena. Vamos é deixar de ser cabeças tão duras e passar a dar mais espaço a nós e aos outros.

beijo para ti

1:19 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home

-->
Links
AINDA NÃO ME DEI AO TRABALHO DE ORDENAR ALFABETICAMENTE (AZAR!)