quarta-feira, novembro 23, 2005


Frase: “Trancada em casa, não é o vento que sopra; mas é o lobo mau que te procura”.

As linhas não passam as linhas custam a passar na pequena ambição humana nuns olhos que crescem desmesuradamente a medo na pequena viagem de longa distância regressas para o velho amor de sempre por ser mais fácil por não existir ambição porque o básico e o simples imperam sobre o que é extremo e não-óbvio porque não se vê porque não se mostra porque se esconde as linhas custam a passar as linhas não passam em cada passada no tapete do presente é o passado que encontras em cada passada que dás mas hoje sei que nunca amei verdadeiramente nem falsamente nem no intermédio apenas nunca amei as linhas custam a passar as linhas não passam esperas o regresso do eterno amor mais velho santificado na ausência da presença apenas por ser mais fácil por não existir ambição porque o básico e o simples imperam sobre o que é extremo e não-óbvio porque não se vê porque não se mostra porque se esconde passeio o corpo esguio pelas multidões apertando as mãos na impossibilidade de lhes apertar o pescoço rasgando-os com as folhas dissecando-os com as letras cuspindo sangue sobre os grupos demasiado grandes de vazio de pseudo-esquerdistas de pseudo-capitalistas de pseudo-humanistas de totais medíocres quando toda a mediocridade pode estar apenas nos meus olhos e em mim as linhas não passam as linhas custam a passar regressas para o amor de onde nunca saíste apenas por ser mais fácil por não existir ambição porque o básico e o simples imperam sobre o que é extremo e não-óbvio porque não se vê porque não se mostra porque se esconde ou porque se mascara tendo a máscara o mesmo rosto em sangue se o mesmo rosto tem a mesma máscara a sangrar sobre as linhas.

RMM

6 Comments:

Blogger Vostradong said...

Impressionante!

1:35 da tarde  
Blogger Fata Morgana said...

De facto, impressionante.
Fez-me pensar em amores édipianos...

1:02 da manhã  
Blogger Black Rider said...

Olha... isso fez-me pensar. Gostava mesmo de saber o que é que te sugeriu isso.

2:28 da manhã  
Blogger Vostradong said...

Aposto que foi o "regressas para o velho amor de sempre". Fata, se queres ver algo realmente edipano, experimenta disto.

2:34 da tarde  
Blogger Fata Morgana said...

BlackRider, de facto o "regressas para o velho amor de sempre" fez-me pensar em Mãe, como disse o Vostradeis. Mas não só isso. Ao ler pela primeira vez, essa frase destacou-se, com esse sentido. Mas, relendo, descobri mais indícios - talvez já influenciada pela primeira leitura, admito...
Exemplos: "as linhas custam a passar as linhas não passam em cada passada no tapete do presente é o passado que encontras em cada passada", cada amor tenta reproduzir ou substituír o da mãe. Não consegues tecer um tapete NOVO (não falo de ti, claro, uso apenas uma linguagem fácil).
"as linhas não passam esperas o regresso do eterno amor mais velho santificado"... seguimento lógico da impossibilidade de tecer um novo tapete.
"regressas para o amor de onde nunca saíste" :)
"porque não se mostra porque se esconde ou porque se mascara tendo a máscara o mesmo rosto em sangue se o mesmo rosto tem a mesma máscara a sangrar sobre as linhas." lembra uma relacão difícil com a MÃE, que faz com que todas as tentativas de amar uma mulher resultem em sangue que se derrama no tear.
Não ligues... provavelmente foi uma leitura meio doida, mas foi a minha.
E claro que está muito mal explicada. Era preciso um forum inteiro dedicado ao Complexo de Édipo!

Ao Vostradeis, agradeço o link - o poema é belo e, sim, claramente edipiano.
O blog, que visitei com alguma calma, é fantástico, vai para o meu, claro (no próximo serão de links, que eu mexo o menos possível no template!!!!!!)

1:58 da manhã  
Blogger Black Rider said...

Olha, estou deveras sensibilizado com a leitura que fizeste do meu "poema", Fatamorgana. Agradeço-te por isso e pude ver muitos aspectos que, apesar de inconscientemente nunca os ter "pensado", não deixam de deter uma certa lógica.
Não sei se o poema é édipiano, mas creio que existe muito de Édipo em todos os homens. O rapaz "torna-se" homem ao crescer (ao passar a ter força, física ou não), ao suplantar o pai - mata o pai (mesmo enquanto ideia de força, porque suplanta-a), procura o amor carnal na mulher segundo o modelo materno padrão. Mas é óbvio que falha... porque é impossível retornar ao útero. Aproxima-se dele quando morre, daí a semelhança entre o começo e o fim e o que sustenta a tragédia - "o princípio é como o fim, violento, misterioso". O modelo Édipo é também a imagem da fatalidade e da forma como o destino inevitável apanha todos aqueles que o querem evitar - caminham na sua direcção quando fogem... o sangue encontra o sangue e este é o ex libris da tragédia. Édipo encontra a própria mãe e une-se com ela no sangue (aproximando-se de si próprio), mas mata o pai. Logo ao matar o próprio pai afasta-se de si próprio; já que renega o próprio sangue. Mata-se duas vezes e faz-se viver nas mesmas duas, já que ambas se complementam. Não sei. Com ou sem consciência as coisas manifestam-se.
Desculpa, esta minha tentativa de explicação é que está péssima.
"as linhas não passam as linhas custam a passar". Os dedos dos pés de Édipo não foram mandados coser pelo pai quanto este nascera? Para que não tivesse pés para o perseguir? Antes de ser dado a comer aos abutres? Lembrei-me disto agora, também não deixava de ser uma perspectiva interessante...

1 beijo meu para ti e obrigado pelas palavras

2:01 da manhã  

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