Frase: “Continuas a pensar que são moinhos?”
Máscaras
O homem com a máscara brincando
Até chegar a hora em que o seu rosto
Partilhava com ela uma só vida:
Já miúdo a história me punha indisposto.
Negava-me a aceitar. Quando crescesse,
Ia mostrar que outra maneira havia:
Que cada máscara, sem dor ou risco,
Como um capuz tirar-se podia.
Fiz disso muito tempo um firme credo.
Escondi, confiante, a minha natureza.
Extinto o fulgor do jogo que eu fazia,
Teria ela a original pureza.
Hoje sou velho, só para admitir:
A história é real. A máscara agarrou-se.
É como habituares-te ao inferno.
Como se olhar vazia cova fosse.
Gerrit Komrij, contrabando
4 Comments:
..., disse Dom Quixote a Sancho Pança
Acho que começa a ser ao contrário. É preciso continuar a acreditar. Não se vê... mas existe uma sombra que esmaga.
Engraçado, este poema espelha um pouco a conversa que tivemos ontem à noite. O problema é grave é quando uma pessoa apresenta tantas máscaras que não há uma única que reconheça como sendo autenticamente sua. Bem haja pela conversa e pelo poema. O nome do poeta não me é de todo estranho, será holandês? Gostaria, se me permites, de me dirigir agora ao vostradeis: tens toda a razão, o poema do Gibran não é certamente algo que possamos, por desrespeito à poesia, identificar como sendo uma simples (e/ou sábia) reflexão, mas concordarás comigo que a suscita! Foi seguramente um lapso. Paz e saúde a ambos! The S.
É verdade, amigo, o poema tem tudo a ver. "Retalhos, fragmentos de algo que já foi dito", no fundo, o que é tudo isso senão máscaras?! Repetimos os mesmos círculos ou retornamos ao mesmo ponto sem retorno?
O poeta é mesmo holandês. Vive em Portugal.
Obrigado pelos comentários. Fazes cá falta.
abraço
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