segunda-feira, junho 20, 2005

Frase: “Gosto de ti como tu não és”.

DELETE (palavras temporárias a despropósito)

Sempre que rodo as chaves da porta e entro em casa sinto o bater suave das patas do meu cão que morreu há mais de dois anos a riscarem o verniz.

Não me esqueci outra vez mascarei a dor enterrei o orgulho passeei por casa perseguem-me como fantasmas mas não faz mal porque a vida também ela é vácuo.

Frase sobre o Espaço: Vazio…

Ininterruptamente sem interrupções todavia interrompido por e para.

O quê?

Esquece
de mim não terás mais nada e de certeza que terás quem te diga coisas melhores mais bonitas mais belas com ou sem significado não me importa finjo que escrevo a história mais triste na gargalhada que não foi lida parágrafo a parágrafo falso na frase que não acaba na hipocrisia destas quatro palavras:

Anjo
Sombra
Silêncio
Fantasma

Qual das quatro escolhes?

Quanto a mim…

Renego o talento que não tenho no cano da arma de pólvora seca se eu voltasse atrás e tivesse visto o cãozito da miúda que brincava junto ao passeio antes de o matar de certeza que teria sido um homem mais feliz mas não sei se voltasse atrás e tivesse beijado a A junto ao metro naquele dia dos namorados de certeza que seria um homem feliz se eu voltasse atrás e pensasse que era loucura pensar sequer em voltar atrás de certeza que seria um homem mais feliz mais à frente.

Mas… não obstante o verso sorrateiro e negro eu sinto que sou um homem feliz por detrás das margens.
E tu…
Em que planalto da folha finges que habitas?

Podes morrer pode ser que eu te mate mas enquanto não mudo de casa tenho a certeza que és o meu fantasma.

Anda traz-me os teus grilhões e finge que a ferrugem não existe. Eu prometo-te que não te enforco com eles. Talvez eu não seja tão mau quanto pensas. Mas mesmo assim tenho dúvidas.
Prefiro que não voltes.

Então… aodiabo porque dizer adeus soa-me a falsidade e loucura.
Desenterrei-o da gaveta esta noite de sombras mas também ela será tragada pela luz da manhã.
Não venhas aqui quando é noite porque os monstros do armário ainda se lembram do teu rosto e não convém brincar com os monstros do armário.

Como era morbidamente vivo o teu rosto…

Todas as vezes que rodo as chaves de casa sinto as patas do meu cão que morreu há dois anos a riscarem o verniz ainda ouço o seu ofegar o seu focinho inquieto a sua sombra de eterna dúvida como se corresse outra vez pela mata fugindo da trela dos homens e dos seus fantasmas mas eu chamo-o e ele corre até mim estaca perplexo pela ordem e como se não fosse nada ele apenas ladra.
Ele apenas ladra.
Ladra aos meus ouvidos.

Tal como eu ladro à tua mudez.
RMM

4 Comments:

Blogger amok_she said...

...beijo...

12:15 da manhã  
Blogger Black Rider said...

Outro beijo grande para ti!!

1:36 da manhã  
Blogger Fata Morgana said...

Anjo; Sombra; Silêncio; Fantasma.

Podem ser várias palavras para descrever a mesma coisa. Eu gosto de Anjo e de Silêncio. Não gosto de Sombra e de Fantasma. Mas consigo trocar as que gosto pelas que não gosto.

E o beijo que (não) deste a A junto ao metro... foi um beijo marcante, pela certa.

Também fiquei a pensar nos monstros do meu armário. Eu amo-os. Acho que sou muito do que eles fizeram de/por mim.

Um beijo

7:51 da tarde  
Blogger Black Rider said...

Sim, as quatro palavras descrevem e são (aqui) a mesma coisa. Também prefiro silêncio e, sem "sombra" de qualquer dúvida, estou sempre à espera que o anjo apareça outra vez. Quanto aos fantasmas... acho que os monstros do armário se hão-de encarregar deles... não deixa de ser engraçado pensar nisso.
Foi pena o não-beijo à A junto ao metro. Mas espero que a vida a tenha beijado muito por mim.
1 outro grande para ti!

11:03 da tarde  

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