Frase: “O que é que importam as máscaras se por baixo só se escondem caveiras?”
“É “inimigo” que deveis dizer, mas não “facínora”; é “doente” que deveis dizer, mas não “patife”; é demente que deveis dizer, mas não “pecador”.
E tu, juiz vermelho, se quisesses dizer em voz alta tudo aquilo que já fizeste em pensamento, pois toda a gente gritaria: “Fora com esta imundície, este verme peçonhento!”.
Mas uma coisa é o pensamento, outra é o acto, outra ainda, a imagem do acto. A roda da razão não roda por entre elas.
Foi uma imagem que fez empalidecer esse homem pálido. Ele estava à altura do seu acto, quando o cometeu; mas, uma vez este perpetrado, ele não suportou a respectiva imagem.
Então, passou a ver-se sempre como o autor de um só acto. A isso eu chamo demência: a excepção transformou-se para ele em essência.
O traço de giz hipnotiza a galinha; o golpe, que ele executou, cativou a sua pobre razão; a isso chamo eu alienação mental após o acto.”
Friedrich Nietzsche, Assim falava Zaratustra
LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA
“É “inimigo” que deveis dizer, mas não “facínora”; é “doente” que deveis dizer, mas não “patife”; é demente que deveis dizer, mas não “pecador”.
E tu, juiz vermelho, se quisesses dizer em voz alta tudo aquilo que já fizeste em pensamento, pois toda a gente gritaria: “Fora com esta imundície, este verme peçonhento!”.
Mas uma coisa é o pensamento, outra é o acto, outra ainda, a imagem do acto. A roda da razão não roda por entre elas.
Foi uma imagem que fez empalidecer esse homem pálido. Ele estava à altura do seu acto, quando o cometeu; mas, uma vez este perpetrado, ele não suportou a respectiva imagem.
Então, passou a ver-se sempre como o autor de um só acto. A isso eu chamo demência: a excepção transformou-se para ele em essência.
O traço de giz hipnotiza a galinha; o golpe, que ele executou, cativou a sua pobre razão; a isso chamo eu alienação mental após o acto.”
Friedrich Nietzsche, Assim falava Zaratustra
4 Comments:
Há décadas k li o livro. Já me n/ recordava. estava lendo e gostando tanto...Só mostra k tenho k o reler. Bjs e;)
É verdade Tmara, apesar de esse livro, por mais que se leia, parecer que se volta sempre à "eterna leitura". Não se encerra com o encerrar das páginas.
Este é um livro de cabeceira. Para ler, reler "trereler"...
Há sempre uma frase, um parágrafo, que nos dá a grande bofetada que estamos mesmo a querer levar. Ou o afago inesperado que jamais ousamos esperar, e está ali para nós.
Sim, Fatamorgana, e muitas vezes a mesma mão que afaga é, tão só, a mesma mão que esbofeteia. E nem sempre sabemos qual é a mão que o faz, ou o que a mesma mão faz. Apesar de essa mão se revestir, ou se encobrir, de palavras, parágrafos, imagens e tudo o resto que está para além delas.
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