sábado, agosto 06, 2005

Frase de um SPAM que me foi parar ao mail: “Os miseráveis não têm outro Remédio a não ser a esperança”.

POEMAS DA MINHA VIDINHA
LENDO-TE
(para Hugh Seidman)



É como se
o meu pai pudesse falar

Seu enorme corpo
silente e maciço
e sob a pele branca e fria
a merda sólida
a aversão

Homem, macho, seu caralho que eu amei
sobre todos os outros, sobre a bondade, tão sobre
o prazer amei seu ódio, a frieza,
a indiferença, o negrume sólido

A cabeça voltada para outro lado
Os olhos voltados para outro lado
O peito, as mamas, o fato de banho- metade
de mim, metade meu! Nunca meu, nada,
não sei qual de nós quero
eu matar por isso mas quero algum
sangue espesso
algum carvão no corpo algum
fogo esse copo ardente de bourbon
caralho prometido e nunca dado
pelo qual eu era capaz de me esfolar

Agora quebrando seu silêncio, vejo como te
extravasas sobre as palavras
extravasas sobre o fim dos versos
para te suspenderes no espaço negro isolado
só e humilhado, ali gingando como uma
estrela, um herói
Eis-me aqui fora contigo
agora contra o farrapo do silêncio
quebrado

Sharon Olds, satanás diz

3 Comments:

Blogger Conceição Paulino said...

ora....

1:01 da tarde  
Blogger Alberto Oliveira said...

Quando se bate no fundo, bem no fundo, até o vocábulo "esperança", deixa de ter razão de ser; a maioria das vezes...

Abraço e bom fim de semana.

2:23 da tarde  
Blogger Black Rider said...

É mesmo, Legível. O mais estranho é que, neste mundo (e momento) em que vivemos, ter esperança quase que pode ser considerado um luxo.
abraço!

11:44 da tarde  

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