domingo, julho 24, 2005

Frase de um domingo de Verão em Coimbra: "!"
POEMAS DA MINHA VIDINHA
O MARQUÊS DE SADE VOLTOU AO INTERIOR DO VULCÃO

O marquês de Sade voltou ao interior do vulcão em erupção
De onde veio
As belas mãos ainda rendadas
Os olhos de menina
E essa razão à flor de salve-se quem puder
Tão dele
Mas do salão fosforescente alumiado a vísceras
Jamais deixou de lançar as ordens misteriosas
Que abrem brechas na noite moral
Fendas por onde vejo
As grandes sombras estilhaçadas a velha crosta minada
Dissolver-se
Para que possa amar-te
Como o primeiro homem amou a primeira mulher
Em liberdade plena
A liberdade
Pela qual o fogo se fez homem
E o marquês de Sade desafiou os séculos das suas
Grandes árvores abstractas
De acrobatas trágicos
Apanhados nas teias do desejo

André Breton

6 Comments:

Blogger Alberto Oliveira said...

Sobre Breton nada a dizer; degusta-se a leitura e o resto é música.
Do Sade...já se fia mais fino. Mas fica para outra ocasião, que este fim de semana as coisas não me correram muito bem e estou com alguma dificuldade em associar ideias...sádicas.

10:25 da tarde  
Blogger Black Rider said...

És tu e eu, Legível, o meu fim de semana foi tão para esquecer que, neste momento em que escrevo (a pouco menos de 30 mnts do seu termo), já quase que não me lembro dele. Aliás, não foi só o fim de semana, os últimos 10 dias (no mínimo) também. Mas é verdade, do Sade haverá sempre muita coisa a dizer. É preciso é estar-se com espírito para isso.
abraço

10:37 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Belo Poema!

12:27 da manhã  
Blogger Black Rider said...

Um grande poema, António! Olha, por acaso também era um dos preferidos do nosso velho amigo Marco R..
abraço!

9:21 da tarde  
Blogger Fata Morgana said...

Olá Black Rider.
Vim cá - venho muitas vezes! - ler-te, a ti e às tuas excelentes escolhas de outros autores.
Este é um dos (poucos) sítios de onde muitas vezes opto por sair silenciosa, faz-me sentir que dizer alguma coisa seria macular o que está tão perfeito.
Nos teus textos, especialmente, custa-me "tocar". Prefiro conversar contigo, contar-te algo que as tuas palavras me tragam à memória, como já tenho feito.
Fica um beijo e um obrigada!

1:32 da manhã  
Blogger Black Rider said...

Olá Fatamorgana! Eu é que agradeço que tu por aqui passes. E, é claro, fico feliz que gostes daquilo que por aqui vou deixando. Pelo outro lado, não sei se gosto lá muito de perfeição, ou de coisas, assim, tão puras. De todas as formas, também gosto muito de falar e de aprender, contigo.
1 beijo meu para ti!

4:01 da manhã  

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