Frase da fome de alguém: "Criaste o monstro... alimenta-o!!"
Frase da fome do monstro: "Tenho fome de alguém".
O DIÁLOGO QUE SE SEGUE É DA NOSSA i RESPONSABILIDADE, e foi gravado sem tu saberes no Jardim da Sereia e da Celeste (reed.)
- O que mais relevante aconteceu ontem?
- Nada propriamente que me lembre de cabeça. Fui à tarde ao Santa Cruz. Um tipo estranho e bêbedo insurgiu-se no meu caminho para eu lhe apertar a mão, mas eu evitei-o.
- E à noite?
- Tive uma reunião com o pessoal das aulas. Confesso que aquilo atrofiou-me um bocado. A superstar D saiu mais cedo, uma parte da minha matéria passou para o J, mas ainda bem. A F estava incrivelmente sexy. Fantasiei abrir-lhe a camisa e meter a boca nos seus seios.
- És sempre o mesmo! E mais?
- Olha, acabei por sair com o P que me telefonou. Ainda encontrámos o M no Tropical mas ele estava preso às cenas dos anos e ia ver a fórmula 1. Fomos à porcaria de um pseudo-bar de jazz, um sítio nojento de betos, fomos ao Piano Negro, encontrei lá pessoal como o R e o F, depois fomos ao Buraco Negro.
- E então? Aquela cena da S é sempre dúbia, não é? Também veio a D, não é, a perguntar sobre o hoje...
- Exacto. Sinto-me estranho... não é que tudo seja igual. Muito pouco a declarar. O metálico curtiu o CD, estavam por lá o D mais a namorada, o F da Figueira mais a namorada...
- E depois saíste e tiveste aquela sensação...
- Sim, quando estava a falar com o P e pairámos cá fora para ouvirmos a música dos Sisters of Mercy... para eu lhe dizer que a cantora Ofra Haza morreu. Quando me virei vi a C a entrar.
- Chocou-te?
- Terrível, terrível. Até mais porque à tarde tive aquele déjà vue ao passar sistematicamente pelo Trianon e ela estar lá sentada sozinha. Ainda pensei lá ir mas resolvi não me tornar ainda mais estranho. Estive muito tempo a falar com o P sobre as realidades paralelas que são perfeitamente possíveis de se viver.
- E hoje o dia desabou?
- Foi o pior dia do ano em tempo. Não me lembro de um aguaceiro tão grande. No entanto, até agora pelo menos, acho que foi o melhor dia do ano. Encontrei-me com a D em frente ao Tropical em pleno aguaceiro. Passámos ainda pelo TAGV. Surgiu o Louco que também a conhece. Fomos até ao Avenida, até ao meu mítico café Zami.
- E então? Sei que houve uns momentos mais fracos, mas tu conseguiste com que as coisas funcionassem...
- Até um certo ponto. Falámos sempre sobre coisas demasiado íntimas.
- Ela é linda, elegante, sexy...
- Mas demasiado volátil. Menti-lhe quando disse que sabia o que esperar ou contar das pessoas. No caso dela não consigo ver isso, como se houvesse um véu de cimento.
- E leste-lhe alguns poemas?
- Exacto. Terrivelmente único o momento, terrivelmente lindo. Senti que o “Peito contra o peito nu contra o espelho” a afectou terrivelmente.
- E depois, subiram até à Praça para tirarem os carros...
- Sim, e as despedidas são sempre a pior das coisas. Beijámo-nos por baixo de um céu que secava, mas tudo à nossa volta estava feito em água, lagos e lagos, lagos e rios, lágrimas...
- Não delires, diz-me uma coisa... gostavas de a ter no pleno sentido, tu sabes...
- Adorava, seria como a dádiva de um deus em que não acredito, mas generoso. Como um privilégio. Gostava de amar essa mulher, mas não no sentido em que o costumo idealizar. De uma forma completamente nova mas intensa. Amá-la intensamente. Parte de mim foi com ela.
- Levou os teus poemas, não foi?
- Ah! Ah! Armado em esperto!? Tu entendes e nós entendemo-nos.
LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA
“As tropas daqueles que são hábeis na guerra podem comparar-se à serpente do monte Heng. Quando atingida na cabeça, a sua cauda ataca. Quando atingida na cauda, a sua cabeça ataca. Quando atingida no centro, tanto a cabeça como a cauda atacam”.
Sun Tzu, A Arte da Guerra
4 Comments:
Já deixei um bocadinho de coração no Jardim da Sereia! Faz tempo, mas ainda me lembro que "alguém" e o "monstro" que comeu imediatamente o bocadinho de coração eram um e o mesmo. Faltava lá alguém que era crucial, eu era apenas o terceiro elemento, mas não sabia disso.
O diálogo foi muito menos bonito do que este, sem véus de cimento ou outros. Sem uma crueza bonita, também.
Mas a serpente era igualmente eficaz. :)
Os loucos que fazem excentricidades na rua fascinaram-me sempre. Tenho a certeza de que são muito coerentes nos seus actos cuja falta de sentido é apenas aparente, pois têm "o centro" desviado do comum e o comum é o aceite. Os centros desviados assustam!
Beijo
É verdade, isso dos centros desviados. É engraçado, mas esses, supostos e rotulados, loucos, tendo em conta os padrões determinados pela maioria, suposta e aparentemente sã, sempre me "perseguiram".
Há sempre um bocado caído do nosso coração em todos os sítios onde nos sentimos viver, passe o tempo que passar. Não creio que haja algum mal em se voltar lá um dia.
Não sei nem conheço a distância entre nós e o monstro, nem quem é qual, ou se ambos queriam era ser esse terceiro elemento. De todas as formas, tal como dizes, esse é que é o crucial- ou vai faltar sempre uma peça do puzzle. A mim sempre me fascinaram os cuspidores de fogo e os encantadores de serpentes. Gosto de as ver dançar. A elas e às chamas. Eficazes as duas.
Tenho a certeza que o teu diálogo também foi muito bonito.
outro beijo para ti!
uau... e por falar em deja vu, este texto faz-m lembrar algo que vivi a dias... parece k este tipo de coisas se destina a repetir nas nossas vidas.. paralelamente, e quanse sempre sem termos a noção que estas coisas tambem acontecem aos outros.. lol... fika bem *
Sim, Guika, e a mim nem sabes como essas cenas acontecem com frequência. Se calhar estamos mesmo sempre em ponto de eterno retorno, tal qual Zaratustra à espera de um Super Homem que nunca há-de aparecer.
Olha, já vi que te divertiste bastante no Ermal. Estive no teu blog, tentei comentar mas não consegui. Mas ainda bem que foi fixe!
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