segunda-feira, agosto 08, 2005

Frase: “Por muito que ainda ardas já não és o sol que eu quero”.

POEMAS DA MINHA VIDINHA

A MORTE DOS AMANTES

Teremos camas com os mais leves cheiros
E profundos divans, quais mausoléus,
Além de estranhas flores nas prateleiras,
Pra nós abertas em mais belos céus.

À porfia gastando os ardores últimos,
Os nossos corações, quais labaredas,
Reflectirão as suas chamas duplas
Nas nossas almas, dois espelhos gémeos.

Numa noite de rosa e de azul místico
Um só relâmpago iremos trocar,
Como o soluço de um adeus sem fim;

E um Anjo, mais tarde, abrindo as portas,
Alegre e fiel, virá reanimar
Os baços espelhos e as chamas mortas.


Charles Baudelaire, as flores do mal

3 Comments:

Blogger Alberto Oliveira said...

Se a tua frase se adaptasse aos fogos que lavram pelo país fora em risco de um destes dias já nada mais haver para arder, de facto restaria apenas o sol; que já não iluminaria o verde de todas as nossas esperanças pelo simples motivo de essa côr ter deixado de existir. E um sol assim, seria mal amado.

Mas...também podes estar a escrever sobre um amor tórrido que...Bom; o melhor será não me esticar demasiado em ironias e vamos lá ao Baudelaire e ás suas "Flores do mal".

Abraço.

7:50 da tarde  
Blogger rita said...

obg pelo comment :) quanto à frase, adorei o sentido. o que é certo é que os sentimentos estão constantemente a mudar, por vezes temos a plena certeza de algumas coisas que se vêm a desfazer mais tarde.
beijos

8:45 da tarde  
Blogger Black Rider said...

É estranha e dramaticamente forte essa imagem, legível, "... restaria apenas o sol". Nesse sentido acho que a humanidade está cada vez mais a caminhar para isso. A cena dos incêndios é, também, o grande exemplo da irresponsabilidade portuguesa de se esquecer do Verão mal começam a cair as primeiras folhas das árvores. Quanto ao amor tórrido... acho que este foi (até agora) apenas um ano aquecido junto a uma lareira de Inverno, mas, vá lá, podia ter sido pior. Mas o Verão ainda não acabou! Vamos esperar que sob as cinzas ainda se esconda o verde e todas as nossas esperanças.
abraço!

É verdade, Rita, os sentimenos estão sempre a mudar; quando não somos nós que mudamos enquanto eles permanecem na mesma. Cada vez acho menos que a vida tenha sido feita para nos trazer certezas. É como o conhecimento: quanto mais se aprofunda apenas se chega à constatação de que aquilo que pensamos ser a raiz é apenas o ramo da árvore.
1 beijo meu para ti!

2:12 da manhã  

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