quinta-feira, março 16, 2006


Frase impessoal sem óculos: “Abre os olhos; pois sei que apesar dos 7,5 de miopia podes VER que nem sempre é cega”.


LETRAS RETALHADAS

«Apetece-me estar com a subversão. Com a crítica radical à ditadura do consumível, da mercadoria, do quantitativo, do défice. Apetece-me estar do lado da liberdade, da liberdade absoluta contra a ilusão da liberdade de compra e venda, da sobrevivência, da “sobrevida” que substitui a vida, do quotidiano insuportável, do tédio.
Apetece-me estar com os poetas malditos. Com Rimbaud, com Baudelaire, com Nietzsche, com Sade, com Lautréamont a infernizar tudo quanto é direitinho, conforme às normas, castração. (…)
Apetece-me dizer que já pouco acredito nos partidos, mesmo nos de esquerda. Que lutar por lugares dentro da democracia burguesa é aceitar como irreversível a democracia burguesa e, portanto, afastar totalmente do horizonte a revolução, mesmo que se continue a falar na construção da sociedade socialista. (…)
Apetece-me dizer que acredito na poesia e no amor como formas sub-ver-sivas. Que acredito em actos provocatórios, em agitações espontâneas que ridicularizem o instituído, no terrorismo poético. Que a criatividade é o último reduto da rebelião.»


CHE

Emborcar sete cervejas e cambalear só por causa de uma conversa, de uma gaja e de uma foto do Che. Telefonar-te a dizer que estou vivo e que, finalmente, voltei a devorar um livro, que curiosamente se chama “Memórias de um alcoólico” de Jack London. Entrar nas conversas e deixar escapar a deixa. Escrever declarações de amor a gajas de gosto duvidoso. Trair-te em Vilar de Mouros ao som dos Led Zeppelin. Estoirar em sonhos alucinatórios a meio de uma existência pacata. Voltar ao computador e à concha do lar familiar. Confundir vozes delirantes com masturbações mentais. Mas há a foto do Che no quarto a quem apelo contra todas as injustiças, todos os imperialismos, todas as tiranias. Mas há a foto do Che e a boina, o olhar, a estrela e volto a acreditar que a revolução é possível. Apesar de todas as normas, de todas as rotinas, de todos os filhos da puta.

“Amanhã. Acordar.
Morte aos sumos!
De tudo quanto se escreve, apenas amo o que se escreve com o próprio sangue. (F. Nietzsche, Assim Falava Zaratustra)
Ninguém já no mundo pode distinguir pelo aspecto físico um revolucionário de um provocador. (Pier Paolo Pasolini, Escritos Póstumos)
Todos os deuses nos acenam de dentro da cona da gaja que amamos”.


«Só há três saídas: o suicídio, a loucura ou a revolta.»

A. Pedro Ribeiro, declaração de amor ao primeiro-ministro – manifestos do partido surrealista situacionista libertário/OBJECTO CARDÍACO

3 Comments:

Blogger Tramp said...

A arte de um gritar quase mudo... e o que é que hoje em dia faz sentido?!

rallô my friend
un grand becitu p ti

3:05 da manhã  
Blogger Black Rider said...

Gritar. Gritar faz sempre sentido - seja lá como ou de que forma, seja lá com ou sem garganta.

beijo para ti

3:41 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Viva R. !

ass: o que aturavas às vezes.

7:57 da tarde  

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