Frase: “Preenches-me, a noite preenche-se a ela própria, sinto o peso da luz no coração que nasce nos meus dedos, na sombra que oscila no berço de mim próprio, o embalo, o bater sobre a mesa, preenches-me, estás nos meus braços, eu estou nas tuas mãos… por que é que regresso a pensar que faltou qualquer coisa?”
LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA
“Um dia, o Rio queixou-se da Ribeira, porque a Ribeira cantava uma canção semelhante à dele, canção que ele herdara dos seus antepassados. Em que é que o doce murmúrio de uma Ribeira nos calhaus rolados, contra as pedras e as árvores, se assemelha ao ruído monótono de um Rio com pressa de ir, a correr, fazer a corte ao oceano? Uma Ribeira brinca com as ervas, com os ramos que o Rio arranca. Poderão as duas canções ser iguais?”
“O homem, cansado de andar, chega à margem de um rio que deslizava placidamente, sem um único remoinho, completamente branco, sob o Sol feroz. Um Pica-Peixe planava; e mais alto do que o Pica-Peixe, muito muito alto, uma Águia anunciava:
San-Ehué! San-Ehué San-Ehué!”
(só a morte! só a morte me pode vencer!)
B.B. Dadié, o pano preto
.it ed sàrta uotse oãn ,odal uet oa uotsE
posted by Black Rider at 4:00 da tarde
2 Comments:
Cada vez acredito mais, que alguns de nós foram adornados com um poder de presença equivalente a multidões. Sente-se isto como a dor de uma memória que não se extingue e que insiste em voltar na noite. E sabes o que é que assusta ainda mais? A frase que tens no final. É demasiado verdadeira.
Um beijo meu caro
Uma singular presença que se equivale a uma multidão facilmente se transforma numa ausência equivalente a uma multiplicidade de rostos - esse é o lado trágico. E é mesmo isso, eyeofhorus, a noite e todos os seus demónios - aqueles que a solidão acorda. A verdade, sempre pensei assim, sem dúvida que assusta muito mais do que qualquer mentira. Mesmo assim passei uma tarde impecável. Obrigado pelas palavras sempre necessárias.
beijo para ti
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