POEMA MEDÍOCRE 11
O cavalinho de madeira ainda
baloiça sobre a estrada como se
a infância não fosse um dos
teus
fantasmas.
Acelerei naquela noite sem saber
se ir-me-ia matar nas tuas
mãos abertas sobre o meu
corpo quente minutos depois do copo frio levado aos
lábios abertos, sujos do chop soy
de vaca louca ou de galinha
constipada de H5N1.
De certeza que o barco de papel não resistirá à incerteza dos
dias naufragados no calar da tua
distância quando num carpir de
bêbedos os marinheiros choram
o afogar das suas sereias.
Foi o teu fantasma, abraçado ao teu colo,
amamentando a serpente no teu peito.
Foi o teu fantasma o brinquedo, o pente o céu azul…
Foi o teu fantasma o bibe, o guardanapo o estojo com a abelha Maia…
Foi o teu fantasma o Rato Mickey e o Pateta, o Demolidor e o Homem de Ferro…
Foi o teu fantasma a viola partida de cinco cordas, a Clarabela e o céu azul…
Foi o teu fantasma aquela que amaste numa noite no teu carro pulsando o calar dos pulsos no calor da madrugada inquieta…
Foi o teu fantasma o «animal selvagem que no silêncio te procura»… (e o céu azul também)
Foi o teu fantasma…
(continua a sê-lo)
Foi o teu fantasma...
…embora hoje tu saibas
que não se domesticam os mortos.
RMM
8 Comments:
Fantasmas que buscam o nevoeiro nas brasas suspensas...
Sei que a primeira estrofe é um "leitmotif" na tua escrita.
Sei também que a fonte de onde jorram as tuas palavras nunca seca.
Desejo-te boa sorte nessa sempre árdua tarefa que é expulsar demónios...
Abraço!
"(...) Foi o teu fantasma…
(continua a sê-lo)Foi o teu fantasma...
…embora hoje tu saibas
que não se domesticam os mortos."
Jamais! Conseguem sempre encontrar maneira de nos soprar ao ouvido ou tocarem-nos inconvenientemente no ombro.
Um beijo
Muitas vezes esses fantasmas são o próprio nevoeiro, darkviolet, quando não são essas mesmas brasas.
Não sei se, muitas vezes, não seria mesmo melhor que a fonte secasse de vez. Também nunca consegui expulsar demónio algum.
Parabéns pelo blog! Tardou mas valeu a pena a espera. (avozdaserpente.blogspot.com)
abraço!
É mesmo, eyeofhorus, mas como alguém me "comentou" ainda há uns dias: «o amanhã é passado, o hoje é futuro»; vamos esperar que (hoje e ainda hoje) seja principalmente a vida (e os vivos) a soprar-nos ao ouvido.
beijo para ti!
Tudo pode ser nada, apenas acreditar que algo o seja.
É verdade, darkviolet, e a prova disso é que "nada" consegue englobar tantas coisas e ser tão abrangente como o mesmo "nada". O termo, não parecendo dizer muita coisa, acaba mesmo por dizer (quase) tudo. Mas é mesmo isso: "é preciso acreditar".
abraço
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