segunda-feira, março 21, 2005

Frase do dia: "Dizes que te queres alimentar das minhas palavras, mas a única coisa que te posso oferecer é esta boca esfomeada no silêncio".



O HOMEM SEM SORTE



Há uns quantos de meses atrás tive a oportunidade de tirar um curso de formação, promovido pela Associação Camaleão, de contadores de histórias. Valeu mesmo a pena. Se bem que tenha uma maior facilidade com a palavra escrita, a verdade é que acredito que o mais profundo objectivo da palavra seja mesmo a oralidade- a voz audível e os ouvidos que ouvem- e, talvez, num certo sentido, até com um peso muito maior do que os olhos que lêem. Foram mesmo bons momentos. O dia em que pude contar um dos meus contos no Ateneu valeu bem mais pelo seu carácter de descoberta do que de iniciático. Ora, porque escrevo eu isto? Bem, pela simples verdade que este conto se aplica na íntegra a um imenso número de aspectos com os quais me vou deparando na vida.. Faço-o, também, devido a uma certa vergonha de, desde esse dia, nunca mais ter lá aparecido para contar mais nenhum conto- não obstante a boa vontade e persistência dos contadores da Camaleão- a Helena Faria e o José Geraldo- pessoas que pela sua paixão e dedicação ao mundo dos contos, assim como ao teatro, me marcaram de uma forma positiva e rara- tendo em conta o panorama medíocre e elitista, a nivelar por baixo, desta cidade de Coimbra. Este conto, que já pude ouvir por tantas vozes, é dedicado a eles.

Era um homem sem sorte nenhuma. Pelo menos é o que ele pensava e dizia para consigo tantas vezes. A vida corria-lhe mal. Perdia o emprego, perdia todas as namoradas, não conseguia lugar para estacionar o carro porque, sem emprego para arranjar dinheiro, um carro era coisa que ele também não tinha. A sua vida parecia não ter brilho, era baça, ainda pior, era mais baça do que uns sapatos de verniz sem graxa. Acordava sempre tarde, nunca conseguia ouvir o despertador. Ao pequeno-almoço colocava sal no café em vez de açúcar, saía para apanhar o autocarro que chegava tarde e sobrelotado. A vida corria-lhe desta maneira, triste, solitária, com algo de mórbido, com algo de fatal.... até que um dia.... ele disse: Basta! Já chega! Estou farto disto! Da minha vida! Farto de não ter sorte nenhuma! De ver os outros a conseguirem com tanta facilidade tudo aquilo que eu, mesmo a esfolar-me como um camelo, não consigo! Farto de os ver com tanta sorte e eu com tanto azar! Estou farto disto!
Bem, sendo assim, com esta trágica constatação que a sua vida era profundamente entenebrecida pelo azar, o nosso homem resolveu tomar uma decisão. E o que fez ele? Sim, o que fez ele? Ora, ele foi falar com Deus. Só Deus, criador do mundo e de todas as suas criaturas é que lhe poderia responder sobre os porquês de todo aquele azar. Só mesmo Deus. Bem, sendo assim, lá se meteu ele a caminho pelo mundo à procura de Deus.
A certo momento, estando ele nessa busca apressada e incansável, deteve-se junto a um pequeno riacho. Junto desse riacho estava um lobo. O lobo estava de tal modo magro e fraco que era só mesmo pele e osso. Este, quando o viu ali, perguntou-lhe:
- Onde é que vais com tanta pressa, amigo?- a sua voz era débil, fraca, magra como o riacho onde bebia.
- Ora!- respondeu o homem.- Vou à procura de Deus!
- De Deus!?- espantou-se o lobo.
- Sim, de Deus. Só ele me poderá responder por que é que a minha vida não tem sorte nenhuma. Por que é que sou o homem mais azararado do mundo! E ele vai ter de me responder! Ai se vai!
Dito isto, preparando-se ele para recomeçar a sua busca incansável, o lobo, que achara curiosa aquela procura, pediu-lhe para adiar um pouco a sua partida.
- Espera, espera um pouco...
- Sim, diz lá...- a sua pressa deixava-o inquieto.
- Olha, se vires Deus pergunta-lhe. Pergunta-lhe por que é que eu estou assim tão fraco. Sem forças nenhumas... És capaz de fazer isso por mim, homem?
- Sim... está bem. Eu pergunto a Deus sobre a tua fraqueza.
Retomou o seu caminho, passando por montes e vales, rios e lagos, montanhas e mares. De repente, a meio da viagem, reparou numa enorme árvore que o parecia chamar. Não estando ele habituado a ver árvores a falar (estava mais habituado a ver, ou a ouvir, lobos já que era um grande fã da história do Capuchinho Vermelho) resolveu aproximar-se para escutar o que árvore lhe tinha para dizer.
- Ó árvore, deu-me a impressão que me estavas a chamar?- perguntou ele.
- Sim, homem.- respondeu a árvore- Vi-te a passar com um ar tão apressado e queria saber o porquê de toda essa pressa.
- Olha, o porquê de toda a minha pressa é só um. Estou à procura de Deus.
- De Deus?- perguntou a árvore- És assim... um daqueles homens com muita fé?
- Nem por isso ó árvore! Eu sou é um daqueles homens com muito azar. É por isso que estou à procura de Deus. Para saber o porquê da minha falta de sorte.
- Percebo- disse a árvore- Mas, olha, tenho um favor que te queria pedir.
- Ok.- respondeu o homem sem grande vontade.
- Bem, se encontrares Deus pergunta-lhe por que é que eu estou assim. Tão fraca, tão sem vida, com as minhas folhas a caírem todas e sem nenhum fruto a crescer em mim. Cada vez mais fraca, a definhar e a morrer. És capaz de fazer isso por mim, homem? De lhe perguntar sobre a minha fraqueza?
- Tudo bem, árvore, eu pergunto-lhe sobre a tua fraqueza.
O homem retomou o seu caminho até que... encontrou uma casa enorme com uma linda e linda mulher que chorava na varanda. A mulher, ao vê-lo, chamou-o. Não se fazendo rogado, o homem entrou em casa.
- Chamaste-me, linda senhora?- perguntou ele.
- Sim, homem, vi-te a passar apressado e queria saber onde é que vais com tanta pressa.
- Ora! Eu vou à procura de Deus! Para saber por que é que sou um homem sem sorte nenhuma. Um homem com um terrível azar que o persegue durante vinte e cinco horas em dias de vinte e quatro horas apenas.
- Olha, há um favor que te gostaria de pedir....
- Estás à vontade minha linda senhora!- respondeu o homem sorrindo.
- Se encontrares Deus pergunta-lhe por que é que eu estou assim... tão triste, sempre com os olhos molhados de lágrimas. És capaz de fazer isso por mim, homem?
- Na boa!- respondeu ele.
E meteu-se a caminho até que... como dizem que quem procura sempre encontra, e já que isto é mesmo um conto, o homem encontrou Deus. Mal o avistou dirigiu-se a ele completamente esbaforido.
- Ouve lá, Deus, há uma coisa que eu gostaria de saber...
-CALA-TE!- gritou-lhe Deus- Achas que estás na casa da mãe Joana!!? Ao menos pedes licença! Pensas que isto é o quê, pá!
O homem, intimidado e algo envergonhado pela sua falta de modos, lá pediu desculpas. Depois, lá resolveu apresentar o seu caso de uma forma mais diplomática.
- Bem, Deus, o que me traz aqui é a minha falta de sorte. Sou um homem a quem tudo corre mal. Sinto-me triste, sozinho, desamparado, não consigo fazer nada com a minha vida e estou cada vez mais farto dela. Sou mesmo um homem sem sorte.
Deus sorriu-lhe.
- Ora, é claro que tu também tens sorte! Todas as criaturas o têm!
O homem mal queria acreditar naquilo que os seus ouvidos escutavam.
- O quê!!!??? Eu também tenho sorte... mas como...
-É claro que também tens sorte!- tranquilizou-o Deus- Tu apenas tens de a procurar e encontrar. Tens de encontrar a tua sorte.
O homem ficou feliz da vida! Saiu aos saltos e aos pulos de ao pé de Deus! Mas, atenção, antes disso fez as três perguntas que lhe pediram: a do lobo, a da árvore e a da mulher. Desatou a correr apressado, pois claro, porque a sua sorte estava à sua espera e nestas coisas convém ser-se proactivo (nota do contador\escritor- foi aquilo que o meu orientador de mestrado disse que eu não era, foi mesmo muito mau, tss, tss) já que nestas situações não há nenhum tempo a perder.
Sendo assim, o homem retomou o caminho para casa. A sua busca de Deus terminara. Agora faltava encontrar a sua sorte.
Mais uma vez passou pela casa e, mais uma vez, estava a linda e linda mulher a chorar à varanda. Mal o avistou ela chamou-o.
- Então, homem, encontraste Deus?- perguntou-lhe curiosa.
- Claro que encontrei! E sabes que mais? Ele disse que eu tenho sorte. Eu apenas tenho de a procurar e encontrar.
- E a minha pergunta? Perguntaste-lhe o que eu queria saber?- os seus olhos cresciam com a ansiedade.
- Sim, eu perguntei-lhe. Olha, Deus disse que estás assim tão triste, tão chorosa, porque estás sozinha. A solução para os teus problemas está em encontrares alguém, um homem, que queira ficar contigo ao teu lado.
A mulher sorriu de contentamento. Perguntou-lhe:
- E tu, homem? Queres ser o meu homem? E eu serei a tua mulher? Queres ser aquele que vai preencher a minha solidão?
O homem mal queria acreditar no que a mulher lhe dizia.
- TU DEVES TAR É DOIDA! Então Deus disse que eu tenho de procurar e encontrar a minha sorte... e ainda achas que eu vou ficar aqui!!? Tem é juízo e arranja outro!! Francamente!
Dito isto, lá retomou ele a sua busca apressada pela sorte até que, mais uma vez, encontrou a mesma árvore.
- Então, homem?- perguntou-lhe a árvore- Conseguiste encontrar Deus?
- É claro que encontrei! E sabes que mais? Deus disse que eu também tenho sorte. Que apenas tenho de a procurar e encontrar.
- E fizeste-lhe a pergunta que te pedi?
- Sim, árvore, fiz a tua pergunta. Deus disse que no meio das tuas raízes está enterrado um baú que contém um grande tesouro. É esse baú que impede as tuas raízes de se alimentarem como deve ser e de conseguirem todos os nutrientes. Por isso é que estás tão fraca e a apodrecer. E, olha, Deus também disse que se encontrares alguém que possa cavar junto às tuas raízes e retirar esse tesouro os teus problemas irão acabar. Voltarás a ser uma árvore forte e cheia de vida.
A árvore encheu-se de alegria.
- Homem, não queres ser tu a cavar junto das minhas raízes? Desta maneira posso voltar a ser uma árvore frondosa e forte e tu, sim, ao me ajudares serás aquele que ficará com o tesouro.
O homem mal queria acreditar no que a árvore lhe propunha.
- TU DEVES TAR É DOIDA!! Então eu que estou à procura da minha sorte! Eu! Ia ficar aqui a cavar!!? Tem é juízo e arranja outro!! Francamente!
Mais uma vez o homem retomou o seu caminho e, mais uma vez, encontrou o lobo.
- Então, homem? Encontraste Deus?
-É claro que encontrei Deus! E sabes o que Deus me disse? Que eu também tenho sorte. Que apenas tenho de a procurar e encontrar.
- Fico feliz por ti.- disse-lhe o lobo- Mas fizeste-lhe a minha pergunta?
- Sim, lobo, eu perguntei-lhe. Deus disse que estás assim tão fraco, tão definhado, tão só pele e osso, porque estás com fome. Deus ainda disse que se encontrares um louco que se coloque à tua frente e se deixe devorar por ti os teus problemas acabaram.
Então, não pensando duas vezes, num espaço mais breve do que o piscar de pálpebras, as mandíbulas do lobo devoraram o homem.

Esta é uma história que sempre gostei de ouvir e contei-a à minha maneira. Não sei a sua origem, embora digam que, na sua génese, ela provenha da tradição da oralidade africana.

Espero, principalmente, é de não estar mesmo na boca do lobo ou que, pelo menos, as mandíbulas ainda não se tenham fechado por completo.

Amanhã passarei junto à tua janela.


RMM

14 Comments:

Blogger Unromance said...

É bem bonita esta historia e tem uma mensagem muito importante.. Gostei muito!
Beijo*

7:04 da tarde  
Blogger amok_she said...

...e depois de passares (à janela) vai à procura da àrvore, ajuda-a a libertar-lhe as raízes,mas... volta de imediato para trás!!!...não vá o lobo apanhar-te!!!;-)

...beijo...

10:33 da tarde  
Blogger Black Rider said...

Sim, esta é uma história com uma verdade muito forte, mas espero 1 dia poder contar histórias que acabem bem. E eu sei que as há!
É verdade amok, libertar as raízes da árvore também seria 1 passo importante. Eu sei que dos lobos se deve fugir, mas não te esqueças: também eles precisam de comer. Sendo assim, numa outra leitura da história, esta bem mais cínica, o homem acabou por ser mesmo útil.

2:31 da manhã  
Blogger amok_she said...

...desculpar-me-ás, mas...eu sou demasiado egoista para me prestar a "utilidades" dessas...;-)

:-*

9:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Gosteigosteigostei.É verdade que há pessoas tão parvas que procuram algo quando está mesmo à sua frente.Huum...talvez isto abra os olhos de alguém.
Pensando bem...o homem até foi útil.Não?
Beijo*

3:56 da tarde  
Blogger Black Rider said...

Talvez sim, talvez não, Amok, mas de todas as formas eu também não sei. Não deixa de ser estranho pensar nisto agora que estamos na Páscoa- celebração da altura em que Cristo morreu, ou se deixou morrer, pela sua paixão pelos humanos. Bem, a minha visão do Todo (se é que existe um Todo) está cada vez mais longe do cristianismo, mas sem algum sacrifício de todos nós este mundo está cada vez mais condenado. É mas é difícil pensar nesse sacrifício sem nos sentirmos como comida para lobos ou outras faunas. Mas, com ou sem sacrifício (como era o caso do homem) as mandíbulas dos lobos estão sempre à nossa espera. É melhor ficarmos mesmo pela árvore ou pelo encanto a dois à varanda.

Yuna! Já estava com saudades das tuas palavras neste meu cantinho! Tens razão, há de facto um sentido em que o homem acabou mesmo por ser útil. Mas o melhor mesmo é a mensagem deste conto. Senti isso na primeira vez que o ouvi. E esta é mesmo a magia das palavras e dos sítios para as quais nos remetem. E parte dessa magia também passa pela identificação que sentimos com a história. Ainda hoje, há muitos e muitos aspectos com os quais me deparo que me lembram este conto e a sua mensagem. Pena é que continue a ser tão cabeça dura.

enfim...

2:53 da manhã  
Blogger Maria do Rosário Sousa Fardilha said...

Não queres vir a Aveiro contar esta história. Arranjo-te um lugar bem bonito para o fazeres...

Gostei imenso do teu conto
Um abraço

8:53 da tarde  
Blogger amok_she said...

...meu querido, os "lobos" q vamos encontrando, vida fora, obrigam-nos a aprender a furtar-nos a "utilitarismos" desses ...às vezes infelizmente!...q eu, estupidamente, ainda acredito em causas...

9:01 da tarde  
Blogger Black Rider said...

Obrigado MRF. É um prazer que me tenhas vindo visitar. Gosto bastante do teu blog, principalmente da forma como abordas os temas sociais. Infelizmente este conto não é da minha autoria. Ouvi-o por duas vezes em sessões de contadores. Eles também não tinham bem a certeza, mas acho que tem raízes na tradição da oralidade africana. A partir do que ouvi, e do que interpretei, rescrevi-o da forma que consegui. Olha, eu até sou algo tímido em público, mas de certeza que gostaria (alguma vez) de contá-lo. Aqui te agradeço o convite.

É verdade Amok, volta e meia encontramos os lobos no nosso caminho. Às vezes esquecemo-nos é quando nos tornamos nós num deles. Porque de todas e de todas as formas a fome (assim como a sede) é das realidades mais concretas que existe- mesmo dentro dos sonhos, mesmo no que é apenas imaginação ou projecção de uma outra fome que não se define tão facilmente ou ainda não se conhece.

11:01 da tarde  
Blogger amok_she said...

...a fome (e a sede) ñ se sacia, necessariamente, devorando "o outro"...há outros "alimentos"...nem todos precisamos optar por nos tornarmos predadores...

11:45 da tarde  
Blogger Hugo Pereira said...

Eu escrevi isto em 18 Novembro de 2003, esta história fez-me lembrar deste texto de forma mto profunda, e também me criou algum pesar pela estupidez do homem:)...

O lobo mau

No outro dia encontrei um lobo pelo caminho,
E vi mais de franco naquele animal que no próprio Homem!
Hoje voltei a encontra-lo e ele disse-me - como selvagem que é - :
– Estou com muita fome e não me importo de te matar para depois me saciar,
Eu disse-lhe: – gosto da tua franqueza
Vem a meu encontro de novo para de algo tão puro me recordar.
E ele seguiu o seu caminho.

O Homem, o Homem sim é cruel, sarcástico e leigo,
No seu mais viril pensamento percebe-se logo o seu desinteresse,
E sim um mero materialista interesse.

Pisam flores e ervas asfálticas pelo caminho.
Correm num frenesim fingido à procura da sua alegria.

Um dia o super-homem aparecerá no seu caminho.

HP 18/11/03

1:20 da manhã  
Blogger Black Rider said...

Obrigado por me teres vindo visitar, Lubu Mao, e por teres partilhado aqui o teu texto. Gostei bastante, realmente o homem é cada vez mais materialista e, sim, bastante cínico. Talvez seja por se afastar cada vez mais da natureza (das várias), não sei. Gostei da referência, não sei se propositada ou não, ao Zaratustra em particular, e ao universo do Nietzsche.

Amok, acredito realmente que existam outras e diferentes formas. Mas também é verdade que nós, enquanto EU, também somos e vamos sendo o Outro- talvez porque (também) é com base na referência e na existência deste que nós nos construímos. Desta maneira acabamos sempre por sermos os predadores e as presas- muitas vezes em simultâneo. As relações humanas são mesmo férteis nessa dualidade. Nós devoramos o outro, mas também estamos a ser devorados. É com base nessa dualidade que o verbo "devorar" se "conjuga". Só existem predadores porque existem presas. Não se trata da sobrevivência das espécies; aliás até está provado que os grandes predadores têm a tendência para desaparecer. Mas isto já é divagação.
Mas não deixa de ser verdade: devido à incapacidade de construirmos relações humanas com base na confiança e no afecto, muitas vezes por medo e por insegurança, temos a tendência para vermos os outros (ou o Outro)como o inimigo- seja ele o predador ou a presa. Todos nós gostamos da conquista, mas ela não passa obrigatoriamente por aí. Passa por sentirmos que também somos o Outro. E desta maneira é melhor poupá-lo (e poupar-nos) à tritura de uma boca cheia de dentes afiados.

2:50 da manhã  
Blogger Hugo Pereira said...

Sou o até aqui lubu_mao. A referência é propositada! Porém não sou nenhum profeta niilista.

7:23 da tarde  
Blogger amok_she said...

«Passa por sentirmos que também somos o Outro. E desta maneira é melhor poupá-lo (e poupar-nos) à tritura de uma boca cheia de dentes afiados.»

...esta é uma das razões (boas!?) do silêncio: parece já estar tudo dito entre nós...para quê dizer mais?!?

...mas, fico (sempre) feliz por ir percebendo, mesmo se mt ao de leve, que vais conseguindo dar a volta por cima...beijo

8:13 da tarde  

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