sexta-feira, março 18, 2005

Frase do dia: "A Noite... por que é que a embalas se tu a queres explodir?!"


A fórmula esgota-se de dia para dia cada vez mais difícil disfarçar que a máscara é de barro e que o gigante usa andas ao estilo das feiras por mais que tu queiras não passarás incógnito pelo barqueiro não passarás o teu corpo transforma-se não voltarás a montar o cavalo de fogo escreves poemas escreves a tua vida em papel higiénico este de certeza não será o lugar nem o tempo para acariciares com as mãos a serpente de plumas a verdade não está nem em ti nem no outro envelheces mas ainda virá o roupão e os chinelos a internet é a falsa porta dos fundos da mansão percorres com os pés descalços os labirintos do silêncio o copo junto aos lábios o cinzeiro em que os cigarros morrem depois de te fazerem morrer mais um pouco é inútil foges de uma forma absurda das tentativas de afecto dos corpos que passam sonhas com punhais e navalhas procuras nos livros a definição de loucura mas não chega nem nunca vai chegar esta época esta cidade mais um ciclo que passa passeias às voltas contornas a rotunda de forma circular desenhando as letras desenhando os números encontras a (i)lógica (in)certeza será sempre o quinze ou o sete ou o nove esquece o dois o quatro o seis ou o dez porque estás sozinho toda a solidão é ímpar esquece os números pares aumenta o volume do rádio e escolhe o quinze e escolhe o quinze e escolhe o quinze.


RMM

5 Comments:

Blogger amok_she said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

11:50 da manhã  
Blogger amok_she said...

..não sei se desejar-te um "dois", ou um "quatro", ou mesmo um "seis", é desejar-te algum bem, não sei...assim fico a desejar, apenas, passar(te) alguma ternura...:-*

11:52 da manhã  
Blogger Unromance said...

Hum.. Eu pensava que a soluçao seria mesmo um unico numero par. O dois. Mas se calhar até tens razão. Tens uma maneira de escrever brilhante! :) Beijo*

2:50 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Uma escrita no fio da navalha (escolheste bem o nome do blogue!), nocturna como a cor de fundo, volta sem aberturas nem escapes ao circuito da prisão - o número ímpar, a irremível solidão. A reflexão bem ancorada ao nosso tempo, aos seus ícones e demónios. Muito bom, Black Rider!
Abraço

8:16 da tarde  
Blogger Black Rider said...

Obrigado pela ternura, Amok, é no fundo aquilo que todos nós desejamos.
E sim, é verdade succubus, a solução pode estar mesmo no 2- temos é de ter a consciência e respeitar a profunda identidade de cada 1 (de cada ímpar) que constitui a sua soma. De todas as formas, nem todos os 2 são iguais.
Agradeço as tuas palavras soledade, mas espero mesmo que na vertigem da derrapagem no fio da navalha ainda se possa encontrar, no fim no meio ou no começo, alguma vida e calor humano.
Todos os demónios, antes de o serem, sempre foram anjos.

2:09 da manhã  

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