Frase (a eterna e única): "Se os vivos não te ouvem escreve para os mortos".
LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA
"A cada idade do homem corresponde uma certa filosofia. A criança mostra-se realista pois está tão convencida da existência de uma pera ou de uma maçã, como da sua própria. O adolescente, atormentado por paixões íntimas, é forçado a dar-se conta de si próprio, a pressentir-se a si mesmo e transformar-se-á num idealista. Pelo contrário, o homem adulto tem todos os motivos para se tornar um céptico e faz bem em duvidar de que o meio que se propôs como objectivo seja o correcto. Antes da acção e na acção tem todos os motivos de considerar o entendimento como coisa movediça a fim de que, depois não tenha de arrepender-se de uma opção inadequada. O homem que envelhece, reconhecer-se-á a si mesmo, cada vez mais, no misticismo. Ele vê que tantas coisas parecem depender do acaso, que triunfa aquilo que é irracional e fracassa o que é racional, que a felicidade e a infelicidade se equilibram. Assim é, assim era. E a idade avançada repousa naquilo que é, que era e que será".
Goethe
7 Comments:
as verdades não perdem o briho com os anos. Bjs e;)
É verdade, tmara, as verdades não perdem o brilho com os anos. Basta, também, esperar, que os mesmos anos, se não conseguirem apagá-las por completo, tornem as mentiras cada vez mais baças.
entao vamos escrever para nós... fazer das palavras a verdade nas nossas vidas.
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Adorei a frase, já ontem reparei, mas ontem fui absorvida pelo texto anterior. Por isso volto agora, para este.
Fez-me sentir quase justificada, escrevo muito para os mortos. Mesmo quando não estão literalmente mortos. Escrevo para os que morreram para mim, para os que me mataram neles. Para os que não são capazes de estar vivos (medrosos). Para os que amei e já cá não estão (mortos comuns). Pensando... concluo que o faço quase sempre.
De vez em quando dedico-me ao lado mais leve, às coisas que deixam sorrisos em que talvez nem acredite. E quero tanto acreditar que sou bastante sorridente, imagina!
Deixo-te um sorriso (agradecimento pelo texto!) e um beijo, (pela frase!)
Sim, vamos escrever para nós, Guida, embora não tenha a plena certeza de que as palavras serão (ou poderão alguma vez ser) a tal verdade, pois cada vez acredito mais na sua insuficiência.
É mesmo estranho, Fatamorgana, ler e sentir aquilo que aqui me deixaste. Acho que nunca o tinha formalizado, ou verbalizado, dessa maneira, mas é mesmo de todo esse sentido que esta frase emerge- se os vivos não te ouvem escreve para os mortos. É um pouco dramático sentir plenamente essa consciência de todos aqueles que nos mataram dentro deles, ou daqueles que para nós morreram em vida- na impossibilidade concreta e real de um futuro qualquer que seja. Mortos no sentido da Não Vida, mas também mortos no sentido de vidas (pessoas, momentos, sentimentos, emoções) que ainda estarão por vir(?!). Não sei... Mas nada é pior do que uma mesma morte em vida. Não há em nada que eu escreva, um pouco que seja, em que também não se vislumbre um pouco de tudo aquilo que amei. Ou, como diria o Oscar Wilde, de tudo aquilo que matei- já que cada um mata o que mais ama. Muitas vezes também me dedico a esse lado mais leve, mas é mesmo na intensidade do amor (ou na morte) que eu me revejo. No amor pela existência do amor, na morte porque, antes de o ser, foi sempre a vida- ambos iguais, ambos os dois, na sua força e fragilidade. Sim... talvez...
Obrigado pelo sorriso, porque, no fundo, é mesmo isso que importa. Outro sorriso grande para ti!
É um excerto bonito para se publicar no dia de aniversário. Parabéns e continua a resistir à mediocridade!
Obrigado Paulo, e, tal como tu me disseste, "dentro de duas semanas" apanhas-me. Achei que este excerto tem algum significado e, de certa forma, consegue ilustrar bem este acumular de anos e as mudanças que o tempo desenvolve sobre os humanos.
abraço!
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