segunda-feira, agosto 30, 2004

Frase do dia: “Enfrenta a realidade na sua ausência”.


“Ela partiu deixando três cubos de papel dobrados em seis três cubos de papel dobrados três cubos de papel num gesto simples automático na casualidade das coisas simples ela deixou três cubos de papel dobrados em seis três cubos de papel dobrados três cubos de papel ele recolheu-os junto à janela e à chuva que manchava as páginas das suas histórias rocambolescas de outro desamor falhado ela deixou três cubos de papel dobrados em seis três cubos de papel dobrados três cubos de papel sobre a mesa perto do cinzeiro em que ele fumava mais outra perda da vida cómica os mesmos fins trágicos alheio a tudo alheio a nada ela deixou três cubos de papel dobrados em seis três cubos de papel dobrados três cubos de papel sobre a mesa e partiu num gesto seguro de uma vida feliz e simples os dois tão estranhos ele digerindo a dor das histórias que falham adivinhando finais enganando-se nas linhas ela deixou três cubos de papel dobrados em seis três cubos de papel dobrados três cubos de papel sobre a mesa sem saber que para ele seria apenas o poema para uma vida nova ela caminhou para fora do café esquecendo os três cubos de papel dobrados em seis três cubos de papel dobrados três cubos de papel e quando ele a avisou ela disse são para ti”.


RMM

quarta-feira, agosto 25, 2004


Frase do dia: “De que lado da arma estás?”


Francis Obikwelu ganhou a medalha de prata nos 100 metros dos jogos olímpicos, facto que sempre se julgou inalcançável por parte de um atleta português. Nascido na Nigéria, imigrado aquando uma deslocação da selecção de atletismo, camadas juvenis, desse mesmo país a Portugal, este facto dá um particular realce ao feito alcançado.
Os mais sinceros parabéns ao atleta, isto num país em que a grande maioria dos imigrantes são tratados, e rebaixados, num nível quase sub-humano, para soldo da exploração de uma força de trabalho constantemente vitimizada em todas as mais diversas esferas- económicas, sociais, ou de génese (cor, raça, etnia, cultura, país de origem). É pena que só em ocasiões como esta se dê algum realce a casos como este- note-se que o debate sobre a imigração e as transformações que ela origina é constantemente adiado, preferindo a grande maioria das pessoas optar pelo facilitismo do argumento xenófobo (autofundamentado em falsas interpretações causa\efeito, a exemplo do argumento do desemprego), tendo como maior expoente a básica comunicação social que constrói estereótipos que apresentam os imigrantes como os constantes agressores ou as vítimas constantes- numa clara perspectiva de despersonalização de identidades várias e multidimensionais.
Não querendo alongar muito o fio da navalha... É pena que só em ocasiões como esta se sinta algum orgulho por um ex imigrante (principalmente africano) ostentar a nacionalidade portuguesa... o que nos remete para a estupidez do que é ter orgulho em relação ao que quer que seja, principalmente em dimensões tão ridículas como se ser deste país, ou se ser desta ou daquela cor. Nasce-se simplesmente assim, não se escolhe. A grande maioria das pessoas não tem capacidade de escolher. Francis Obikwelu teve-a . E optou em ser português.
De todas as formas, por parte de alguns sectores desta sociedade, sente-se uma certa hipocrisia latente. “Se um dia ele alcançar a dimensão do Carlos Lopes, achas que também vão dar o nome dele a algum pavilhão?”, perguntei eu a um amigo que me respondeu assim: “Duvido, quanto muito talvez dêem o nome dele a um bairro social”.
Os parabéns também ao Rui Silva pela medalha de bronze nos 1500 metros e a todos os outros que correm e correm e correm.


Ricardo Mendonça Marques

terça-feira, agosto 17, 2004

Frase do dia: “A serpente engole a cauda e transforma-se noutra coisa, mas tu dizes, ainda, que é a mesma serpente”.



"Adoro a tua voz quando falas mesmo que não sejam para mim as palavras não importa fala sobre a lua que brilha como um anjo suave e dócil sobre a tua cidade sobre o rio que nasce e corre pelas tuas veias como uma criança fala sobre o brilho escarlate de uma fogueira com as suas chamas dançando como uma cigana ou uma feiticeira nas pupilas dos teus olhos suaves fala-me sobre o sol como um enorme astro planando sobre os campos que se estendem até cair de vista fala-me como é bom nascer acordar e sair a correr pelas ruas repletas de oportunidades no Natal como é bom ainda a mão amiga no ombro dos teus cabelos compridos e em tranças para o amante de Rapunzel fala-me nos teus lábios vermelhos como uma maçã colhida de uma árvore repleta de um jardim perdido e encontrado daquele pássaro que voa de encontro ao céu de sangue do cigarro que se apaga sem pressa ali e em lugar algum fala-me daquele que beijava as tuas pálpebras quando choravas mas nunca me fales de solidão a mim".


RMM

domingo, agosto 01, 2004

Sangue na navalha....
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AINDA NÃO ME DEI AO TRABALHO DE ORDENAR ALFABETICAMENTE (AZAR!)