terça-feira, junho 27, 2006

Frase de um documentário sobre abutres: “Todos os bicos comem, todos os olhos vigiam”.

Quem és eu?


«Ainda não percebi, mas mesmo não sabendo como nem porquê sabia que íamos estar juntos ao fim da noite. O dia já estava à porta da discoteca quando saímos. Nem sequer faltava o “místico da flauta”, nem todos os emblemas em todos os estandartes. Ainda não percebi e provavelmente não continuarei a tentar… mas a meia dúzia de frases proferidas por alguém, há um ano atrás como se se tratasse de uma profecia urbana pareceram, a espaços, ecoar pelo álcool do meu sangue. O barulho do motor pela manhã não abafou o cantar dos pássaros. E não obstante a distorção mental, acreditem, as suas vozes eram perfeitamente nítidas.

Ontem, pela primeira vez em 14 anos a conduzir nesta cidade, tive de travar a fundo para não bater num comboio em andamento (?!); e o mais estúpido é que isto não é nenhuma metáfora.»

RMM

sexta-feira, junho 23, 2006


Frase trancada: “A porta está na tua cabeça, a chave está na tua boca”.
«Há uns quantos de dias atrás, na estadia de um concerto de um novo projecto musical – The Time Machine Ensemble – música para a banda sonora de uma curta do Buster Keaton, voltei a entrar no jardim do castelo. Estava sozinho, perdera-me dos outros, o sol era como um ferro em brasa. O sol era como um ferro em brasa, passava-me por cima dos ombros, passeando os seus raios de uma forma ostensiva.
Agora eras o meu inimigo, agora eras o meu irmão outra vez, agora eras o meu amigo. Como nesses anos o foras. Não obstante as histórias de mulheres, de solidão e de álcool e de tantos e tantos caminhos sem volta. O equilibrista esmagou o seu crânio ao cair do trapézio. Desta vez não houve chão que o segurasse… mas hoje o mundo é mais leve. É mais leve quando deixas de dar tanto crédito aos pensamentos, quando sentes que os sentimentos valem muito menos do que um aperto de mãos, do que um tocar nos ombros, de dois dedos nuns lábios, de um afagar de cabelos, não interessa. Interessa-me não voltar nunca mais atrás. Não que isso interesse ou funcione. Não que a idade não valha o que vale – nada mais do que registos de uma memória falível. A idade… ganhas em paciência aquilo que perdes em pachorra. A memória… não lavei os dedos a cheirar ao sexo da velha amante numa tentativa de a preservar. Nem sequer pensei em fazer as pazes contigo porque, acredita, pode-se partir qualquer coisa num edifício: as varandas, o sétimo, o sexto, o quinto e o quarto, o terceiro, o segundo e até mesmo o primeiro de todos os andares… mas nada se pode partir pela base. Acredita que, aí sim, nem sequer vale mais a pena. Não que isso importe. Ou será que importa?
Voltei a entrar no jardim, ainda antes de subir às muralhas do castelo. O sol como um ferro a arder num mundo que seria novo para mim. Voltei a entrar no jardim ao retornar aos meus próprios passos, quase há 10 anos atrás, numa qualquer deslocação para um concerto… lembro-me dos Lulu Blind… Voltei a entrar no jardim e por entre aquele barulho de pássaros, por entre aquele verde das folhagens, por entre aquelas flores adormecidas nos seus canteiros, voltei a vê-lo. Ali. Dentro da gaiola. O mesmo corvo de outrora. Marcado como uma sina enterrada nos passos da memória de há 10 anos atrás. Ainda mais preto do que antes. Ainda maior do que me lembrava. Ainda ali. Dentro da gaiola e a olhar para mim. Tão estranho e tão vivo. Olhámo-nos olhos nos olhos. Outra vez. Sem saber onde estava o mundo e onde começava a gaiola. Ou qual de nós estava preso ou qual de nós estava livre. Nenhum dos dois. Sempre e sempre os dois. Ambos! Iguais e de todas as formas diferentes. Como se tudo não fosse mais do que um simples verbo que se conjuga… Voltei a entrar no jardim. Sem saber. Sem saber que há 10 anos atrás estava a caminhar no futuro.»

sábado, junho 17, 2006

Frase de alguém (algures): “Não passes a noite com o dia”.



.salomse omoc severb soicnêlis son sarvalap sa satsarrA

quarta-feira, junho 14, 2006

Frase e enigma: “Breve, arde nos teus lábios, por dentro queima, mas parte-se na água”.



Ironia e altruísmo: O vício ainda se manifesta, mas é mais por pena do dealer que hoje o alimentas. Esgotam-se as perguntas da Esfinge… provavelmente escaparás sem mácula (?)… mas mesmo sem sede ainda te arrastas para o rio.

Não seres o alvo não significa que não sejas abatido. Não teres a arma nas mãos não significa que não venhas a premir o gatilho. Por isso... Aproveita o sol. Deixa-o nascer. Deixa-o nascer no teu coração.

terça-feira, junho 06, 2006


Frase interior: “Não feches a janela se ainda sonhas alimentar os pássaros”.


LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

O AVÔ E O NETO

A misteriosa Índia. Um entardecer cálido e alaranjado. As andorinhas traçavam arabescos sobre o firmamento ilimitado. Um avô caminhava feliz junto do seu neto. Era um menino vivaz e esperto, cheio de inquietudes espirituais, ávido de respostas.
- Avô – disse ele, quebrando o perfeito silêncio da tarde. – Quero perguntar-te uma coisa: quando o corpo morre, o que acontece?
- O corpo morre, mas o Ser nunca morre. Ele é o Ser de todo o Universo. É a essência subtil de tudo o que existe.
- Ó avô! – exclamou o menino. – Não percebo… podes explicar melhor?
O avô disse:
- Vai buscar um fruto daquele castanheiro e traz-mo.
O menino, desembaraçado, pegou numa castanha e manteve-a entre as suas mãos.
- Tira-lhe a casca – disse o avô – e diz-me o que vês.
- O fruto.
- Abre o fruto. O que vês?
- Grãos – disse o menino.
- Abre um grão. O que vês?
- Grãozinhos minúsculos.
- Abre um. O que vês?
- Nada querido avô, nada.
E o avô declarou:
- Essa essência subtil que tu não vês é o Ser. Mantém a grande árvore de pé. Mantém-nos vivos a ti e a mim. Faz com que o rio flua e o fogo arda. Anima todos os vastos espaços. Tu, meu muito querido, muito amado neto, não vês essa essência subtil, mas está aí. Ela respira em ti, pensa em ti, fala em ti.
O menino, satisfeito, agarrou a mão trémula e envelhecida do seu querido avô. Caminhando aprazivelmente, fundiram-se com o horizonte como o açúcar se funde com a água.

Há que descobrir o que torna possível a respiração mas não pode ser respirado, o que torna possível o pensamento mas não pode ser pensado, o que torna possível a visão e não pode ser visto. Como a água rega as árvores e as plantas das mais variadas classes, a energia impregna todos os seres animados e inanimados. Para os sábios da Índia, o ser humano é uma energia ou processo vital (o Ser Absoluto), que se veste com as roupagens do corpo, o corpo energético, o corpo emocional e o corpo mental. Despe-te de todas as roupagens e serás o que nunca deixaste de ser.

Ramiro Calle, os melhores contos espirituais do oriente


quinta-feira, junho 01, 2006


Frase sempre por dizer: “Num outro tempo e num outro lugar vamos estar juntos aqui e agora”.





LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

O tigre quer tornar compreensível ao veado a delícia de sorver sangue.

Goethe

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AINDA NÃO ME DEI AO TRABALHO DE ORDENAR ALFABETICAMENTE (AZAR!)