sábado, fevereiro 24, 2007


Frase ouvida hoje num seminário: “ A cidade é uma entidade viva com memória”.


POEMA MEDÍOCRE 22

Falas mas só querem o falo.

Formas-te, dás formação, deformas-te.

“As chagas do meu caixão”, tu sabes, os jovens crescem…

Agora. Hoje. Amanhã. Mas já não
os verbos se encontram nas
palavras.

Dás as mãos ao pedinte embora sejas tu
que pedes, dás os olhos

ao cego embora sejas tu que não vês.

Dás a trela ao cão embora sejas tu quem está
preso. Dás o peso à leveza embora sejas tu que te afundas.

Dás o corpo ao manifesto mas o manifesto é o epitáfio
que se manifesta.

Um pouco mais fundo, os poemas
esgotam-se em cinco minutos.

Nem tanto.

Falas mas só querem o falo.

Vives. Eles
falam em vida.

Os berços embalam punhais apenas.

RMM

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

>O Terrorismo Poético é um acto no Teatro da Crueldade que não tem palco, nem filas de cadeiras, nem ingressos, nem paredes. Para que funcione, o Terrorismo Poético tem de ser categoricamente divorciado de todas as estruturas convencionais para o consumo de arte. (…)

Não façais Terrorismo Poético para outros artistas, fazei-o para pessoas incapazes de perceber (ao menos por alguns instantes) que aquilo que haveis feito é arte. Evitai as categorias artísticas reconhecíveis, evitai a política, não fiqueis para a discussão, não sejais sentimentais; sede impiedosos, arriscai, vandalizai apenas o que merece ser desfigurado, fazei algo que as crianças recordem toda a vida – mas não sejais espontâneos, a menos que a Musa do Terrorismo Poético vos haja possuído.
Vesti fato de cerimónia. Dai um nome falso. Sede lendários. O melhor Terrorismo Poético é contra a lei, mas não vos deixeis apanhar.

terça-feira, fevereiro 13, 2007


Frase numa parede em Almada (Laranjeiro): “Mata o que há em ti (e o que mora perto de ti.)


POEMA MEDÍOCRE 21

Doces as batatas fritas
no pacote,

acendes o
cigarro nos lábios e não foi

hoje

que resolveste parar de fumar.

Secas as baratas são palavras tontas,
sal sob as carapaças, carícias nos
lençóis,
amantes para os anos seguintes.

Os lenços na lembrança do blá blá blá bê-á-bá blá blá blá bê-á-bá…

E etc.

Os carros buzinam a noite aos santos, mudos os anjos eternamente adiados são demónios. Cornos contra os muros.

A vida na ponta de uma corda a vida na ponta de uma faca a vida na ponta de uma caneta a vida na ponta do caralho.

RMM

domingo, fevereiro 04, 2007


Frase solidária: “Sê um pouco mais egoísta”.


POEMA MEDÍOCRE 20

O obeso no metro, mórbido de todas as formas.

Fogem-lhe as miúdas alemãs a quem…
ele reivindica a Coca-Cola das mãos, bebendo-a de

um trago como quem traga a solidão
dos vidros nos lábios, depois urra, urra como um louco!

Três vivas no metro três vivas no metro três vivas no metro, no

percurso das víboras… solitárias solidárias sós.

Hip! Hip! Hip! Hurra!
Hip! Hip! Hip! Hurra!
Hip! Hip! Hip! Hurra!

Urra.

RMM
-->
Links
AINDA NÃO ME DEI AO TRABALHO DE ORDENAR ALFABETICAMENTE (AZAR!)