quinta-feira, outubro 27, 2005

Frase dedicada:”Se as lágrimas foram sempre tuas, a solidão sempre foi minha”.

Reserva um milímetro do teu coração e perdoa passeio pela mata escura de árvores queimadas ardeu o teu nome escrito à navalha na seiva mas não morreu a árvore na qual o escrevi há já muito tempo que não esperamos nada um do outro e o vento espalhou as cinzas de um verbo passado e sem volta se nunca houve sequer volta a dar nem eu quero nem tu queres se é tão somente o Mundo que já não quer nem nos quer reserva um milímetro do teu coração e perdoa não são para ti estas linhas mentirosas e falsas iguais a toda a mediocridade humana de musas desgarradas não são os poetas que mentem mas os homens que assim fazem reserva um milímetro do teu coração e perdoa tropeço em seringas serpentes rostos fugidios entre as árvores crateras sob as folhas abertas como chagas reserva um milímetro do teu coração e perdoa e lembra-te que as palavras mais básicas são as únicas que resistem ao tempo pois é tão somente o Outono a descer sobre onde outrora um outro Outono ardera.

RMM

terça-feira, outubro 25, 2005

Frase: “Silêncio em sangue na boca”.

LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

TORNAR-SE O INIMIGO

“Tornar-se o inimigo significa imaginar-se na posição dele. No mundo, as pessoas costumam pensar que um ladrão preso em uma casa é um inimigo fortalecido. Se pensarmos, porém, em «nos tornarmos o inimigo», sentiremos que o mundo inteiro está contra nós e que não há escapatória. Aquele que está trancafiado é o faisão. O que entra para atacar é o falcão. Lembre-se disso”.

Miyamoto Musahi, o livro dos 5 anéis

quarta-feira, outubro 12, 2005

Frase: “Desculpa se te escrevo outra vez mas a folha está fria”.

Anos depois do suicídio falhado regressas para o meio das folhas de Outono pensas sinceramente comprar um casaco novo mas faz pouco frio e talvez seja melhor esperar os saldos o teu coração sonha com a silhueta de um amor mais belo pois sabes que a partida deve ser feita a dois quando as despedidas vivem-se no singular no rádio toca uma música lamechas balada de Outubro descompassado e sabes que não voltarás a casa pois o motor do carro o arranque hesita para a manhã fria mas ainda faz sol na rua o momento é agora esperas pelo amanhã de certezas frágeis na objectividade da incerteza sólida concreta feita de aço como o teu peito aos 19 anos de idade maciço de granito mas o tempo passou já não és um jovem seguras o jornal no café ao almoço renegas ler os olhos das mulheres que passam não te interessam postulas a vida como um lugar tranquilo no refúgio sagrado do existencialismo absurdo ressuscitas Deus às memórias da infância inacabada do ursinho de peluche de coração felpudo em juras de eterno amor à boneca de plástico que a tua irmã tinha na estante sem lhe contar que à primeira oportunidade de fugir fugiria a volante no carro de rolamentos feito de madeira sem airbag sem travões e sem carta de condução nem de adeus acelerando à procura do amor em todas as bonecas de trapos.

RMM

segunda-feira, outubro 10, 2005

Frase estranha da madrugada:”Não nos conhecemos, mas caminhamos no sentido um do outro”.


Depois de há uns tempos atrás ter tido um visitante que chegou até este espaço através de uma pesquisa, no Google, com a expressão “cortar os testículos”, calhou-me desta vez um outro cibernauta que efectuava a seguinte procura: “ela colocou a mão nos testículos”.
Espero sinceramente que não seja o mesmo cibernauta, já que algo me leva a crer que se ela “colocar a mão” nos, ditos, “testículos”, será mesmo para os “cortar”.

Felizmente, já que nem tudo têm sido pesquisas sobre “sangue” ou sobre o baixo-ventre, gostava de salientar a pesquisa de um outro cibernauta que procurava uma “frase para homens apaixonados”.
Algo me leva a crer que não encontraste isso aqui, amigo, mas espero que, com ou sem frases, essa paixão tenha sempre todas as palavras para andar; já que, muitas vezes, as pernas são um instrumento menor de locomoção e a distância de centímetros do silêncio pode levar horas e horas a percorrer, sem de nada adiantar os alfas pendulares ou os aviões a jacto.


LETRAS DE UMA SÓ PALAVRA

“Tat Savitur vareniam bhargo devasya
dhimahi yo nah pracodayat.
Coração perplexo, amassado na argila
do tempo, qual o teu nome verdadeiro(?)”

Rui Knopfli, a ilha de Próspero

quarta-feira, outubro 05, 2005

Frase:”Brinca, brinca, que logo brincas mais”.

Renasce outra vez e é a espada de fogo e tudo é muito rápido mas as princesas que não são salvas beijam os sapos do amanhã é estranho é diferente é inquieto é soturno é solitário em sol maior da guitarra que toca a melodia harmónica do silêncio dos guetos sociais em que os nossos olhos não reparam também eu procuro dar o salto indo de encontro aos conceitos delirando com a maximização de recursos suspirando com o incremento do investimento no capital humano em busca da polivalência especializando-me em coisa alguma não passa de uma treta é outra vez o anjo é outra vez a princesa é outra vez a espada de fogo é outra vez a poesia nas esplanadas de Outono é outra vez o sonho é outra vez o acordar é outra vez o dormir é outra vez os teus braços que naufragam é outra vez o sonho em ti e em mim.

RMM
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AINDA NÃO ME DEI AO TRABALHO DE ORDENAR ALFABETICAMENTE (AZAR!)